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Mundo Os brasileiros expulsos dos Estados Unidos contam que foram separados das famílias e viajaram algemados

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Voo que chegou a Minas nesta sexta (6) é o sétimo com deportados desde outubro. (Foto: Reprodução)

No saguão do aeroporto internacional de Confins (a 37 km de Belo Horizonte), usando o telefone da mãe, Danilo Dias Lima, 25, contou ao irmão Délcio, 39, sobre a viagem que acabara de fazer: “A gente veio algemado”. Danilo é um dos 55 brasileiros que desembarcaram em Minas Gerais nesta sexta-feira (6), no sétimo voo a trazer deportados detidos por tentar entrar nos Estados Unidos com documentação irregular. O irmão dele segue preso no estado do Texas.

Segundo deportados ouvidos pela reportagem, só não foram algemadas pessoas que estavam acompanhadas de crianças pequenas. Os demais viajaram com algemas e correntes nos pulsos, em volta da cintura e nos pés. Uma mulher de 20 anos, que pediu para não ser identificada, afirmou que os passageiros não tinham marcas na pele porque as correntes foram tiradas cerca de meia hora antes do desembarque.

Em janeiro, brasileiros deportados em outro voo dos Estados Unidos já haviam denunciado o uso de algemas durante a viagem de volta ao Brasil. Bolsonaro chegou a criticar a ação, mas depois recuou. Natural de Ipatinga (a 213 km da capital), a mulher ouvida pela reportagem foi separada da mãe, que segue detida nos Estados Unidos. Segundo ela, a única vez em que as duas se viram foi no local onde os detidos são levados para o café da manhã, apesar de terem sido presas ao mesmo tempo.

Já Danilo foi detido em data diferente do irmão, mas também não o encontrou. Ele foi pego na cidade de El Paso, no Texas, depois de ter escalado um muro de cerca de sete metros que separa os Estados Unidos e o México, com uma corda colocada pelos coiotes.

Quando entrou na cidade, seguindo a instrução dos atravessadores, correu para encontrar um local para se esconder e ficou debaixo de uma carreta pequena. Caso conseguisse escapar, deveria mandar a localização para que um carro o apanhasse. Acabou sendo encontrado em meia hora. “Passava um filme de terror pela cabeça, não gosto nem de imaginar”, diz.

Danilo passou quatro dias em um centro de detenção de imigrantes, numa sala fria, conhecida como “icebox” (geladeira). Depois, foi levado a uma prisão federal, na qual passou outros seis dias cumprindo a pena que um juiz estabeleceu por ter sido encontrado no país sem documentos. Ele diz que dividiu a cela com acusados por tráfico e homicídio.

No resto do tempo que passou nos EUA —cerca de 40 dias no total—, ele ficou em um centro de detenção junto a outros migrantes em situação irregular. Ele conta que perdeu 10 kg por causa da alimentação precária. A família enviava dinheiro para que conseguisse comprar macarrão instantâneo e biscoito na lojinha do local. Lá, ele se comunicava com a esposa grávida por chamadas telefônicas e conversas em vídeo por meio de aplicativos, que podem ser usados por quem tem dinheiro depositado.

A deportação de Danilo foi rápida. No mesmo centro de detenção onde ficou, no condado de Otero, uma espécie de galpão dividido em unidades internas, outro brasileiro está há quase um ano e ainda não passou por nenhum processo. Há outros que já assinaram o pedido de deportação, mas esperam há quatro meses, sem data firmada para retorno.

“Conheci um rapaz de Ipatinga, com a mesma situação que a minha, pulou o muro, e faz seis meses que está lá. Ele ganhou uma data agora, para o dia 16, mas já é a terceira vez”, conta. Danilo foi pego em janeiro e ficou sabendo que voltaria para casa na terça-feira (3). O irmão dele, Délcio, está detido desde o fim de dezembro e não tem data para voltar. Ele trabalha por US$ 1 ao dia (R$ 4,63) limpando o centro de detenção.

Délcio só assinou o pedido de deportação no fim de fevereiro. Até então, queria enfrentar um processo para tentar ficar. Essa é a sua segunda prisão. No ano passado, já havia passado seis meses detido nos EUA também por imigrar irregularmente. “Fiquei dois meses sem ter notícias dele, desesperada”, conta a mãe deles, Joana D’Arc Dias, 65. “Você não sabe se está vivo, se está morto, como está.”

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