Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2020
O surto global do novo coronavírus levou o mercado financeiro mundial a mergulhar em seu pior momento desde a crise econômica de 2008. Na segunda (09), a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve suas negociações suspensas temporariamente após atingir 10% de queda pouco depois do início do pregão — levando ao acionamento do mecanismo chamado de circuit breaker.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou o dia em queda de 12,17%, caindo a 86.067 pontos, a maior baixa percentual diária desde 10 de setembro de 1998. Na Bolsa de Nova York, nos EUA, também houve suspensão nas atividades. O dólar comercial terminou o dia no Brasil a R$ 4,73, em alta de 2,03%. Além disso, o preço do petróleo registrou ao longo do dia a maior queda em quase 30 anos. O valor do barril do tipo Brent caiu quase 30% na abertura dos mercados na Ásia. Mas como uma questão de saúde afeta tanto o humor dos investidores? A BBC News Brasil listou os cinco principais fatores para o tombo.
1) O fator China
A epidemia atual do coronavírus começou na China, e o país asiático é o mais afetado até agora pela doença causada pelo vírus, a covid-19. Até agora, foram registrados 80.859 casos entre os chineses — 3.122 pessoas morreram. Com cidades sob quarentena e empresas fechadas, a segunda maior economia do mundo já começa a sofrer os impactos da crise sanitária. E, dada a sua importância para o comércio mundial, começa a afetar seus parceiros.
O gigante asiático também vende produtos como peças e equipamentos eletrônicos a outras economias ao redor do mundo, que, por sua vez, os utilizam para montar produtos vendidos em território nacional (ou exportados).
2) Disseminação Global
Os efeitos da disseminação da doença, porém, já não estão mais restritos àqueles causados pela desaceleração chinesa. Nas últimas semanas, o novo coronavírus se espalhou por todos os continentes, ameaçando uma desaceleração do crescimento econômico e uma redução nos lucros de grandes empresas ao forçar o fechamento de fábricas, a suspensão de viagens e o cancelamento de grandes eventos.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecida como “clube dos países ricos”, anunciou na semana passada que a economia global pode crescer na taxa mais baixa desde 2009.
3) Segurando gastos
Um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) prevê que o avanço do coronavírus deve gerar redução de 5% a 15% no fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no mundo neste ano. A previsão anterior era de alta de 5%.
A incerteza também impacta os consumidores, de duas maneiras: o temor com o estado da economia pode afetar seus gastos no curto e médio prazos, fazendo-os comprar menos e poupar mais — afetando, novamente, a atividade econômica; e levando-os a evitar atividades que poderiam expô-los ao risco de infecção, como sair para fazer compras, por exemplo.
4) Tchau, Brasil
Tudo isso tem impacto direto nos mercados financeiros. Em um cenário de incerteza global, os investidores querem fugir de aplicações que representem risco. Por isso, a tendência é que tirem dinheiro de bolsas de valores, especialmente em países emergentes, e invistam em ativos mais seguros, como ouro, dólar e títulos de dívida de economias consideras seguras.
5) E o petróleo nisso tudo?
A forte queda no preço do petróleo foi atribuída à decisão da Arábia Saudita de aumentar substancialmente sua produção e começar a oferecer em certos mercados descontos de até 20% nos preços do petróleo bruto. A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo e é considerada uma líder não declarada da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Ela tem uma capacidade de produzir mais de 12 milhões de barris diários, o que lhe permite aumentar ou reduzir sua produção com muito mais facilidade que outros países do mercado.