Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2018
Por força de uma decisão do presidente do TRT (Tribunal Regional Do Trabalho) do Rio de Janeiro, a greve de 72 horas dos empregados da Eletrobras foi interrompida nesta terça-feira (12), mas deve voltar por tempo indeterminado no próximo dia 25, informou o diretor da Aeel (Associação dos Empregados da Eletrobras), Emanuel Mendes.
A greve foi iniciada na segunda-feira (11) e tinha por objetivo protestar contra a privatização da estatal e pedir a saída do presidente Wilson Ferreira Jr, considerado o promotor da venda da empresa e cujas relações foram afetadas por declarações polêmicas do executivo. A nova greve tem por objetivo garantir direitos adquiridos no ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), informou Mendes. O sindicalista disse que a partir de 25 de junho os empregados irão parar por tempo indeterminado, mas aguarda uma proposta da companhia que pode suspender a greve.
Solução emergencial
A Eletrobras e o governo têm avaliado uma solução emergencial para viabilizar a venda das deficitárias distribuidoras de energia da estatal, o que poderia passar por um acordo para suspender temporariamente discussões sobre a privatização da elétrica, disseram à agência de notícias Reuters nesta terça-feira três fontes com conhecimento direto do assunto.
A venda das distribuidoras exige a aprovação de um projeto de lei que tramita em regime de urgência no Congresso, enquanto a desestatização da companhia como um todo, por meio de uma capitalização via emissão de novas ações, é alvo de um outro projeto cujo avanço travou na Câmara dos Deputados. “A ideia é hibernar a capitalização até depois da eleição, e (isso) viabiliza a aprovação do projeto de lei (sobre as distribuidoras) ainda este mês”, afirmou uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato porque as tratativas ocorrem em sigilo.
O assunto foi tratado durante uma reunião nesta terça-feira entre representantes de sindicatos de trabalhadores da companhia e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “É um caminho que se busca para uma solução”, afirmou uma segunda fonte, também na condição de anonimato. Tanto os funcionário da Eletrobras quanto Rodrigo Maia são simpáticos à proposta, segundo essa fonte.
A nova estratégia de negociação pode aumentar os riscos para a privatização da Eletrobras, mas mesmo o cronograma mais otimista do processo já previa a realização de uma assembleia para aprovar o negócio em novembro, já após as eleições presidenciais, que acontecem em outubro. “Se o governo eleito não topasse (avançar com a privatização), não haveria mesmo. Melhor assim. Resolve um problema de cada vez”, afirmou a primeira fonte, próxima à estratégia da Eletrobras.
As seis distribuidoras da Eletrobras atuam em Acre, Alagoas, Amazonas, Roraima, Rondônia e Piauí. A venda das empresas é vista como essencial para viabilizar a desestatização da Eletrobras, uma vez que elas são fortemente deficitárias e prejudicam o resultado da companhia, o que poderia afastar investidores interessados. As ações preferenciais da Eletrobras fecharam em alta de cerca de 6 por cento nesta terça-feira.