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Por Redação O Sul | 7 de maio de 2017
As autoridades regulatórias norte-americanas estão mais preocupadas com o efeito das notícias falsas sobre as decisões de investimentos, no mercado financeiro. A SEC (Securities and Exchange Commission), agência federal que regulamenta os mercados de valores mobiliários dos EUA, divulgou recentemente alertas quanto à possibilidade de que comentários aparentemente independentes postados em sites de pesquisa sobre investimentos sejam na verdade parte de uma campanha paga. “Tenha em mente que os fraudadores podem gerar artigos promovendo as ações de uma empresa com o objetivo de elevar seu preço e lucrar à custa do investidor”, divulgou a agência.
Andrew Clare, professor de gestão de ativos na Cass Business School, em Londres, na Inglaterra, diz que as notícias falsas podem distorcer a alocação eficiente de capital no mercado de ações. “Essas reportagens terminam resultando em prejuízos para os investidores, quando a verdade é descoberta”, diz o professor Clare.
Um dos casos investigados pelo governo dos EUA se originou no artigo intitulado “ImmunoCellular Therapeutics pode estar para renascer, de novo”, que destacava o trabalho da empresa norte-americana no desenvolvimento de tratamento experimental contra o câncer. Em 18 de janeiro de 2012, o “Seeking Alpha”, um site de notícias financeiras, publicou o conteúdo, que dava a entender que a empresa havia produzido um importante tratamento contra o câncer, conhecido como ICT-107, e que o produto seria mais barato que um medicamento concorrente. Mas o texto era uma “matéria paga”.
Com isso, o preço das ações da ImmunoCellular subiu de 42,18 dólares para 155,20 dólares, no fim de junho de 2012 — alta de 263%. No entanto, depois de decepcionantes resultados de testes clínicos do ICT-107, em dezembro de 2013, as ações da empresa sofreram forte queda. Na semana passada, estavam cotadas a 2,23 dólares.