Sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2019
Os Estados Unidos designaram oficialmente nesta quarta-feira (31) o Brasil como um aliado prioritário extra-OTAN, cumprindo uma promessa feita em março, durante encontro entre os presidentes dos dois países, Donald Trump e Jair Bolsonaro, em Washington.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é o bloco de defesa de países capitalistas criado no contexto da Guerra Fria. Isso aproxima militarmente os países e facilita ao Brasil comprar armas e equipamentos de defesa dos EUA. Na América Latina, apenas a Argentina tinha esse título anteriormente.
O que é um aliado prioritário extra-Otan?
Ser um aliado prioritário extra-Otan aproxima militarmente o Brasil dos Estados Unidos. Ao entrar nessa classificação, o Brasil consegue: tornar-se comprador preferencial de equipamentos e tecnologia militares dos EUA; participar de leilões organizados pelo Pentágono para vender produtos militares; ganhar prioridade para promover treinamentos militares com as Forças Armadas norte-americanas. Ao todo, 17 países receberam essa classificação do governo norte-americano.
O que é a Otan?
A Otan foi fundada em 1949, logo no início da Guerra Fria, como um pacto militar dos países alinhados com os Estados Unidos. Após o esfacelamento da União Soviética em 1991, algumas nações que antes faziam parte do bloco comunista – como Polônia e Hungria – passaram a integrar a organização.
Um dos princípios da organização, hoje com 29 países, garante aos integrantes o princípio de defesa coletiva. Ou seja: um eventual ataque a um ou mais países-membros do grupo será encarado como uma agressão a todos os demais integrantes.
O professor de relações internacionais Carlos Gustavo Poggio, especialista em Estados Unidos, comenta que o interesse de Trump na Otan é reticente desde a campanha presidencial em 2016. “Trump chegou a chamar a Otan de obsoleta, acusou países europeus de tirarem vantagem do acordo”, relembrou Poggio.
Trump, então, pressionou os integrantes do bloco a investirem mais em segurança – o que foi atendido pelas lideranças da Otan no ano passado, que firmaram uma meta de gastos de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) com defesa até 2024. O norte-americano, então, elogiou a medida. “A Otan está muito mais forte agora do que há dois dias”, disse Trump, em julho.
O Brasil também será autorizado a participar de algumas licitações do Departamento de Defesa dos EUA, e terá maior facilidade na compra de tecnologia espacial. O País poderá assinar contratos de cooperação em pesquisa e desenvolvimento na área de defesa, fazer empréstimos de equipamentos das forças americanas para fins de pesquisa e obter financiamentos para compra de equipamentos de defesa americanos.
O status foi criado em 1989, nos estertores da Guerra Fria, para países que promovem os interesses geopolíticos dos Estados Unidos ao redor do mundo e cuja melhoria das capacidades militares beneficiaria os interesses americanos, segundo a legislação.