Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de março de 2018
Nunca foi tão mortífero ficar doente na Venezuela. Medicamentos – de antibióticos a drogas de quimioterapia – têm ficado cada vez mais escassos. Hospitais públicos pedem às famílias dos pacientes que lhes forneçam lençóis e seringas. Portadores de HIV têm passado meses sem remédios e transplantados têm morrido por falta de imunossupressores. As informações são do jornal norte-americano The Washington Post.
Agora, o país vive a escassez de uma das necessidades médicas mais básicas: o sangue. No fim do ano passado, a crise na saúde fez com que o sangue disponível para transfusões e cirurgias chegasse a níveis críticos nos hospitais públicos.
Fila
Entre janeiro e fevereiro, afirmam os trabalhadores da área, a escassez paralisou as atividades da maioria dos bancos de sangue públicos, obrigando pacientes a aguardar na fila por procedimentos urgentes. Os médicos passaram a aconselhar as famílias a tentarem adquirir sangue processado em clínicas particulares.
O problema, segundo os médicos, não é tanto a falta de doadores, mas, principalmente, a falta dos sete reagentes que servem para testar o sangue doado para detectar infecções.
Esses reagentes, que são importados pelo governo para distribuição nos centros públicos de saúde, são negociados em dólar, o que os torna caríssimos na moeda local, o bolívar. Sem os reagentes, o sangue doado não pode ser usado.
Esta semana, os pacientes venezuelanos tiveram uma rara boa notícia: um estoque de reagentes, quantidade suficiente para dois meses, chegou à maioria dos hospitais públicos venezuelanos, após o Ministério de Saúde e o Instituto de Seguridade Social importarem as substâncias.
Soluções de curto prazo
A Organização Pan-Americana da Saúde afirmou que um outro carregamento doado de reagentes será enviado para a Venezuela nas próximas semanas e deverá abastecer o país por mais um mês. Os médicos, porém, qualificam essas entregas como soluções de curto prazo para um problema de longo prazo.
Sangue à venda
Para piorar, nem todas as clínicas particulares têm vendido sangue para as famílias dos pacientes internados no sistema público de saúde. Algumas reservam o material para os próprios pacientes – a não ser que os bancos de sangue públicos as acionem diretamente e ofereçam outras substâncias em troca dos reagentes. Seja como for, para muitos pacientes, o sangue tem chegado tarde demais.