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Brasil Os investidores têm demonstrado maior insegurança diante do risco de vitória de um candidato populista e menos comprometido com a seriedade fiscal

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A turbulência no câmbio tem sido especialmente forte neste ano por causa das tensões internacionais e, ultimamente, também como consequência das incertezas políticas internas. (Foto: EBC)

Como um sólido quebra-mar, as contas externas continuam protegendo o País dos choques externos, e assim continuarão até o fim do ano, se nenhum tsunami for causado pela campanha eleitoral. Os US$ 33,78 bilhões de investimento estrangeiro acumulados de janeiro a julho cobriram com muita folga o déficit de US$ 8,08 bilhões nas transações correntes. Este conjunto é a soma de três itens: o comércio de bens, os gastos e receitas de serviços e o movimento de entrada e saída de rendas. Reservas de US$ 379, 44 bilhões têm permitido enfrentar sem grande susto a instabilidade cambial. A turbulência no câmbio tem sido especialmente forte neste ano por causa das tensões internacionais e, ultimamente, também como consequência das incertezas políticas internas.

As tensões internacionais têm resultado em parte da elevação dos juros americanos, ainda moderada, e em maior grau dos conflitos comerciais entre Estados Unidos e seus maiores parceiros, notadamente a China. O real tem sido uma das moedas mais afetadas pela valorização do dólar, mas até agora sem impacto inflacionário muito sério. Além disso, com o avanço do calendário eleitoral os investidores têm demonstrado maior insegurança, especialmente diante do risco de vitória, na eleição presidencial, de um candidato populista e menos comprometido com a seriedade fiscal.

Embora o quadro geral das contas externas continue satisfatório, tem ocorrido uma sensível deterioração. A piora é visível principalmente no valor líquido do investimento direto, isto é, na diferença entre ingresso e saída de recursos. O resultado continua positivo, mas a cautela maior do investidor estrangeiro é inegável. De janeiro a julho do ano passado, a entrada líquida chegou a US$ 40,28 bilhões. O valor acumulado nos primeiros sete meses deste ano mostra uma redução de US$ 6,51 bilhões. O acumulado em 12 meses passou de US$ 83,99 bilhões para US$ 64,18 bilhões. O ingresso de julho diminuiu de US$ 4,06 bilhões para US$ 3,90 bilhões.

O recuo pode parecer pouco significativo, quando se comparam apenas os números dos meses de julho de 2017 e 2018, mas a piora é indiscutível quando se confrontam os totais de 12 meses. O total acumulado até dezembro do ano passado foi de US$ 70,68 bilhões. Todos os demais valores acumulados até qualquer outro mês de 2017 foram superiores a US$ 80 bilhões. O maior valor no período de 12 meses terminado em qualquer mês deste ano foi de US$ 65,69 bilhões, registrado no balanço de janeiro.

Economistas do mercado financeiro e das principais consultorias continuam prevendo um fechamento fácil das contas externas deste ano. Na pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central, a mediana das projeções indicou um déficit de US$ 17,55 para as transações correntes. Esse resultado é melhor que o apontado na semana anterior, um déficit de US$ 19,90 bilhões. Os especialistas continuaram projetando uma cobertura muito folgada. A mediana das estimativas para o investimento direto ficou em US$ 67 bilhões, pouco abaixo do indicado uma semana antes (US$ 68 bilhões).

Entre os analistas, já há quem admita um resultado pior que o previsto até agora, como efeito das incertezas sobre a orientação do próximo governo. Diante de uma dívida pública próxima de 80% do Produto Interno Bruto e em crescimento, a perspectiva de gestão irresponsável das finanças oficiais é assustadora.

O sólido resultado no comércio de bens deve continuar mantendo em nível moderado o déficit nas transações correntes. Entre 2017 e 2018, o superávit comercial no período de janeiro a julho diminuiu de US$ 40,98 bilhões para US$ US$ 31,38 bilhões, porque as importações cresceram mais rapidamente que as exportações. Isso se explica principalmente pela expansão da economia, embora moderada, e, como consequência, da demanda de produtos estrangeiros. Nessa área as perspectivas continuam satisfatórias. Mas é difícil calcular quanto estrago um governo populista poderá causar ao comércio exterior. A experiência é desanimadora.

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