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Brasil “Os ministros do Supremo soltam e ressoltam corruptos poderosos”, diz procurador da Operação Lava-Jato

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O procurador Deltan Dallagnol falou no evento “Mãos Limpas e Lava Jato”. (Foto: Reprodução)

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, voltou a criticar nesta terça-feira (24) as movimentações do STF (Supremo Tribunal Federal) para rever entendimentos a favor de réus da operação. Segundo ele, os ministros “soltam e ressoltam” corruptos poderosos. Para Deltan, a postura de “ministros do STF” contribui para o desânimo da população em relação à luta contra a corrupção. As informações são do jornal O Globo.

“Dinheiro continua circulando em malas anos depois do início da Lava-Jato. Regras são gestadas no Congresso Nacional para beneficiar políticos. Ministros do Supremo soltam e ressoltam corruptos poderosos. Regras estão sendo gestadas no Supremo Tribunal Federal que implicarão enormes retrocessos na luta contra a corrupção”, disse Deltan.

As declarações foram dadas no evento “Mãos Limpas e Lava Jato”, organizado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas e pelo jornal O Estado de S. Paulo. Além de Deltan, também participam do encontro o juiz Sérgio Moro e dois ex-procuradores que atuaram na operação Mãos Limpas, da Itália, que serviu de inspiração para a Lava-Jato.

O procurador negou que a força-tarefa adote um discurso salvacionista. Segundo ele, a Lava-Jato é um ponto fora da curva no combate à corrupção, já que, diz Deltan, 97 em cada 100 casos de corrupção terminam impunes.

Para Deltan, “é preciso ir além da Lava-Jato”. O procurador defendeu abertamente que os eleitores escolham candidatos que apoiem um pacote anticorrupção. Deltan chegou a citar que entidades civis estão se organizando para criar uma nova série de propostas para mudar as regras de combate aos crimes contra a administração pública.

“A estratégia não é mais colher assinaturas. A estratégia agora é escolher senadores e deputados federais que tenham um passado limpo, que tenham compromisso com os valores democráticos e apoiem esse projeto anticorrupção”. disse.

Durante o debate, os promotores italianos convidados citaram que, após a operação, alguns dos políticos investigados que escaparam da investigação tiveram um desempenho eleitoral ainda maior com o término da Mãos Limpas. Questionado sobre a possibilidade de que o mesmo aconteça no Brasil, sobretudo na eleição presidencial, que tem como possível candidato o ex-presidente Lula, réu em seis ações da Lava-Jato.

Deltan, no entanto, afirmou que está mais preocupado com as eleições para deputado federal e senadores. O procurador aproveitou para tornar pública uma iniciativa do que chamou de “entidades civis” em torno de um novo pacote anticorrupção.

De acordo com o procurador, esse grupo de instituições está planejando uma campanha anticorrupção para 2018, que envolveria o lançamento desse pacote anticorrupção que promovam “a integridade no âmbito público e privado”, segundo Deltan.

“Esse pacote aproveita grande parte das dez medidas contra a corrupção e vai além, promovendo regras que melhoram o compliance, melhoram transparência, melhoram licitações, sistema eleitoral”, disse.

Em 2018, após o lançamento desse pacote, a proposta é que essas entidades estejam à frente de outra campanha para incentivar o voto em pessoas que se comprometam com o projeto anticorrupção.

“A ideia não é realizar uma nova campanha do voto limpo, mas usar esse pacote como instrumento para renovação do Congresso, para que possamos ter um Congresso plural que representa nossas diferenças”, disse.

Deltan falou após dois ex-procuradores da Operação Mãos Limpas. A operação é considerada uma inspiração para a Lava-Jato, que adotou alguns dos métodos da Mãos Limpas, como a utilização de prisões preventivas, acordos de colaboração premiada e publicidade processual.

A Operação Mãos Limpas, no entanto, terminou após políticos italianos aprovarem leis que afrouxaram as regras de combate à corrupção, temor dos procuradores do Brasil. Para Gherardo Colombo, que atuou como promotor na Itália, a operação também perdeu apoio da população quando crimes comuns de corrupção passaram a ser investigados. Segundo ele, a operação não representou uma diminuição nos níveis de corrupção no país.

“Olhando retrospectivamente, podemos entender que a corrupção na Itália não diminuiu absolutamente” disse, antes de atribuir a queda no apoio da opinião pública ao avanço das investigações. “As provas nos levaram à corrupção de pessoas comuns, policiais, fiscais. Encontramos não apenas corrupção entre os de cima mas também entre os de baixo. O sentido da impunidade se fortaleceu [com o fim da Mãos Limpas]. Pelo menos antes quem corrompia ou se fazia corromper pelo menos tinha vergonha.”

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https://www.osul.com.br/os-ministros-do-supremo-soltam-e-ressoltam-corruptos-poderosos-diz-procurador-da-operacao-lava-jato/ “Os ministros do Supremo soltam e ressoltam corruptos poderosos”, diz procurador da Operação Lava-Jato 2017-10-24
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