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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2017
O setor de carnes termina o mês com muitas incertezas: preço do boi em queda, mudança no modelo de pagamento pela principal empresa compradora do setor e apreensão dos pecuaristas quanto à liquidez de algumas indústrias do setor.
Tudo isso acontece na chegada do inverno, um período do ano dos mais difíceis para os pecuaristas, devido à queda na qualidade dos pastos. O setor começou o ano negociando a arroba de boi gordo a R$ 150. O valor atual, após o preço ter recuado para R$ 131 na semana passada, é de R$ 134.
Vários fatores tumultuaram o setor de carnes neste ano. O primeiro foi a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, em 17 de março. Naquela data, toda a qualidade da carne brasileira foi posta em xeque. Os reflexos no exterior foram imediatos. Muitos países fecharam as portas para o Brasil, líder mundial na exportação de carnes bovina e de frango.
Com exportações travadas e demanda interna fraca, os estoques de carne aumentaram, afetando os preços. O setor sofreu também com a mudança de entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) a respeito do Funrural.
Após ter julgado inconstitucional a cobrança, parte dos ministros voltou atrás e a considerou constitucional. Muitas empresas do setor haviam deixado de recolher o Funrural após o primeiro entendimento do STF. Ganharam uma conta pesada da noite para o dia.
Em 17 de maio, o setor sofre uma nova bordoada. Desta vez, vinda da delação premiada de Joesley Batista, um dos donos da JBS, à Procuradoria-Geral da República.Maior comprador de gado do País, a empresa agora só faz pagamento a prazo pelo animal. Essa mudança de modelo de pagamento preocupa os pecuaristas. Por ora, há uma queda de braço entre a JBS e muitos pecuaristas. Muitos deixaram de entregar o gado à empresa, que teve sua escala de abates encurtada. (Folhapress)