Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Rogério Pons da Silva | 13 de outubro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
As palavras ofendem e podem ser consideradas crime!
As palavras têm muita força e, em alguns casos, têm muito mais importância até que fatos reais. São contradições estruturais na cultura brasileira e, aqui no Estado, não é diferente.
Ofensas verbais de racismo são crimes inafiançáveis! Ou seja, expressar palavras racistas é uma atitude abominável e deve ser punida mesmo! Mas são palavras.
Os doentes mentais que perambulam pelas ruas e dependentes químicos são dois exemplos que, ao deixá-los nesta condição, não é crime!
É um fato real de abandono. Porém, é considerado que estas pessoas são livres, estão no exercício pleno de seus direitos de cidadania.
A pessoa enquadrada na condição de “em situação de rua” pode ser originária de qualquer continente, homem, mulher, afrodescendente, eurodescendente, LGBTQIAP+ , doente mental ou físico, alcoólatra, drogado, ladrão ou mesmo só vagabundo.
Se está na rua, sujo, imundo, com fome, doente, se desgraçando, se matando, implorando por comida, catando e comendo lixo podre. Com estes, está tudo bem! Tudo normal, ele faz porque gosta! Daí não é crime, é liberdade.
Temos na cidade de Porto Alegre lindas obras de artes plásticas e monumentos que retratam nosso povo e nossa história. Em algumas destas obras, habitam seres desgarrados da realidade, pedindo ou deitados nas calçadas sob efeito das drogas.
Dormem em paradas de ônibus, debaixo de marquises, dentro de containers de lixo, bem harmonizados com a paisagem urbana, e tudo isso é perfeitamente aceitável, ninguém fica ofendido. Porque não foram palavras!
Palavras ofensivas levam o autor a prisão por crime inafiançável, e bastam que sejam palavras ofensivas para o Estado agir com todo rigor !
Para os desgraçados de rua, a realidade é bem outra. Sobrevivem na mais degradante condição humana, dormindo na laje fria da calçada. NINGUÉM SE OFENDE. No máximo, um ou outro fica incomodado.
Temos uma grande diversidade étnica, somos afrodescendentes, eurodescendentes, oriente médio descendente, descendentes de asiáticos, mas descendentes de pessoas em situação de rua, não temos. Podem ser de todos os tipos, não importa.
Os “em situação de rua” são a única minoria que não reivindica nada!
Nos parece que eles já têm tudo!! Vivem e gozam de plena liberdade. E se alguém denunciar um caso flagrante de condições sub-humanas, abandono em via pública de incapaz por psicodependência química?
Quem responde por este crime?
Quem irá preso?
É triste, mas soa como piada.
Estamos errando no foco!
Assim como no preconceito étnico, o problema não está na superfície da pele do indivíduo, mas sim na mente do preconceituoso. E é ali que se deve operar mudanças.
A maior agressão não são palavras, a maior ofensa é a indiferença, a normalização com sofrimento físico e moral de seres humanos que não conseguem nem mais pedir por socorro!
Os desvalidos são miseráveis deixados à própria sorte à espera de ajuda que não vem.
Os politicamente corretos, defensores dos direitos de povos originários, de venezuelanos, haitianos, cubanos, palestinos, iranianos, todos fora do nosso alcance prático.
Estes não estão em nossa paisagem cotidiana e nada a fazer, a não ser a retórica e a hipocrisia.
É uma barbaridade!!!
Agora, os “refugiados de rua”, que moram no caminho de nossas casas, são quase invisíveis e se os vemos dizemos que se eles estão ali é porque querem!
Seguimos nos considerando politicamente bem corretos e muito humanos e sem mínima culpa.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.