Domingo, 17 de agosto de 2025
Por Rogério Pons da Silva | 17 de agosto de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Tem uma nova modalidade de mendicância que já há algum tempo tomou conta das ruas de Porto Alegre, ou melhor das sinaleiras nos cruzamentos de avenidas .
O “start” é dado pelo sinal no vermelho , embaixo das sinaleiras , com cartaz embaixo do braço , prepara-se para uma nova “sessão” até o sinal mudar novamente para o verde.
Ergue seu cartaz em silêncio e caminha entre os veículos na esperança da caridade dos
motoristas ou de algum passageiro no automóvel. Com seu olhar atento, vai observando qualquer gesto de movimentação na expectativa de receber alguns trocados.
A eficiência da coleta depende dos argumentos utilizados nos escritos de sua placa .
Vamos alguns exemplos:
ME AJUDE FILHA VAI SE FORMAR EM PSICOLOGIA
ESTOU DESEMPREGADO DUAS FILHAS MENORES PARA SUSTENTAR
QUERO VOLTAR PARA MINHA CIDADE ME AJUDA PASSAGEM
BOM DIA AJUDA CAFÉ DE ANIVERSÁRIO !!
Estas e tantas outras , algumas criativas, dramáticas, cada uma tem sua estratégia. Escritas com carvão em papelão improvisado , o importante é se comunicar e tentar
sensibilizar.
São poucos segundos de apresentação e exposição , quase não há tempo para diálogos ou mesmo eventuais perguntas. É jogo rápido ! Estas pobres criaturas mendigam na rua para seu sustento, sua comida e até sua dependência química, não vamos julgar, ou questionar a veracidade do apelo na placa silenciosa.
Erguer cartazes pedindo no tempo de cada sinal nos cruzamentos não é possível crer que isso seja o novo normal ! Os pedintes por ofício são mais uma “categoria”, estratificada de legítimos desgraçados da rua, são mendigos que disputam vagas nos cruzamentos mais movimentados da cidade em busca de arrecadar alguns caraminguás para se defender, como já disse , da fome ou do vício.
A Prefeitura de Porto Alegre e a Câmara de Vereadores precisam olhar com a devida atenção para estas criaturas que perambulam, dormem ao relento , se drogam e mendigam.
Cada cartaz erguido no sinal vermelho é um pedido de socorro subliminar de um ser humano perdido em si mesmo e muitas vezes explorado por traficantes. Falamos tanto em DIREITOS HUMANOS , nós mesmos nos consideramos defensores, condenamos veementemente os desrespeitos aos direitos de todas as minorias , mas quando a minoria é o humano que mora na rua ou que ergue o cartaz. aí não.
Ele se aproxima, nosso olhar desvia , aproveitamos para olhar o celular ou trocar de
estação no rádio ou mesmo congelar o olhar até que a criatura siga para o carro de trás.
Na minha modesta opinião, nenhum recurso público deveria ser autorizado para promover manifestações culturais, enquanto estivermos está realidade em nossa cidade, este desrespeito aos DIREITOS HUMANOS , como se para estes indivíduos, a regra não valesse.
É muita hipocrisia da sociedade e do poder público de fingir acreditar que os humanos que dormem na rua e erguem cartazes no sinal, fazem isso por liberdade e pelo direito de pedir e se humilhar a cada sinal vermelho de nossa Porto Alegre.
*Rogério Pons da Silva
Jornalista e empresário
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.