Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2021
No fim da tarde desta segunda-feira (26), diretores de escolas e pais favoráveis ao retorno de seus filhos às aulas presenciais mesmo com todo o Estado sob bandeira preta no sistema de distanciamento controlado realizou um protesto nas imediações do Tribunal de Justiça (TJ), em Porto Alegre. Eles pediam a derrubada da decisão de juíza que na véspera impediu o retorno das atividades nas escolas.
Enquanto isso, os três desembargadores da 4ª Câmara Cível do TJ-RS deliberavam sobre o mais recente recurso do governo gaúcho contra o veto às aulas presenciais. O colegiado decidiria de forma unânime, poucas horas depois, pela continuidade do veto.
A bordo de veículos com cartazes e faixas, o grupo promoveu um buzinaço em frente à sede da Corte, na avenida Borges de Medeiros próximo à esquina com a Aureliano de Figueiredo Pinto, no bairro Praia de Belas. Já no começo da noite, os manifestantes seguiram para a frente do Palácio Piratini, no Centro Histórico.
“É um absurdo toda essa situação assim, por tanto tempo, com crianças apenas em aulas on-line nas suas casas e ainda sem uma perspectiva de retorno”, criticava uma das participantes, dizendo-se professora de creche na capital gaúcha e que pediu para não ter o seu nome publicado.
Mais cedo, pela manhã, o presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS), Bruno Eizerik, havia divulgado nota com questionamentos à manutenção do veto ao retorno das aulas presenciais:
“Todos os demais setores da sociedade estão abertos, inclusive bares e centros comerciais, e nossas escolas estão fechadas há quase dois meses. É preciso haver um entendimento entre o poder judiciário e o poder executivo para que não tenhamos essa insegurança e indefinição. Nossa comunidade escolar, e principalmente as crianças, não merecem essa situação”.
Professores e estudantes
À tarde, havia sido a vez de o Cpers-Sindicato e integrantes de movimentos estudantis promoverem uma manifestação diante do Piratini. Mas a pauta era oposta: não retomar as aulas presenciais no Rio Grande do Sul enquanto não houver segurança sanitária e vacinação dos professores contra o coronavírus.
Eles também pediram valorização salarial e acusaram o governador gaúcho Eduardo Leite de manter uma postura de descaso com os educadores e o ensino público.
“Queremos cobrar um calendário de imunização e exigir fortemente do governo e dizer que a nossa liminar está valendo”, afirmou a presidente da entidades, Helenir Schürer, ao se referir à decisão judicial obtida pelo Cpers e Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD) para manter as aulas apenas à distância enquanto o Estado estiver sob bandeira preta.
Na avaliação do sindicato dos professores estaduais, o decreto publicado na sexta-feira pelo Executivo estadual gerou instabilidade jurídica, desrespeitou uma ordem judicial e colocou em risco o equilíbrio entre os Poderes e a própria segurança da juíza Cristina Marchesan, que se tornou alvo direto de ameaças por parte de grupos favoráveis à volta às aulas.
Após o ato público, o Cpers encaminhou um ofício exigindo calendário de vacinação e mesa de negociação por reposição salarial. O documento foi entregue ao subchefe da Casa Militar, coronel Luciano Boeira, que prometeu encaminhar à Casa Civil.
Dirigentes do sindicato dos professores também realizaram uma reunião com o líder do governo na Assembleia Legislativa, Frederico Antunes (PP). Na pauta, o pedido de urgência na vacinação da categoria, equipamentos de proteção com maior qualidade e reposição salarial aos educadores.
Frederico sugeriu a realização de duas audiências: a primeira, tratando da imunização da categoria e retorno das atividades presenciais; a segunda pautando reajuste salarial e pagamento dos dias parados da greve.
O primeiro encontro deve ocorrer já nesta quarta-feira (28) com dirigentes do Cpers, as secretárias Raquel Teixeira (Educação), Arita Bergmann (Saúde), Casa Civil e Comissões da Educação e Saúde da Assembleia Legislativa.
(Marcello Campos)