| Papa cria tribunal para julgar bispos que encobrem casos de abuso sexual na Igreja
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2015
Os bispos que foram responsáveis por proteger padres pedófilos serão julgados por um novo tribunal criado nessa quarta-feira (10), no Vaticano, pelo papa Francisco, uma reivindicação de longa data das associações de vítimas.
Os bispos – que são mais de 5 mil no mundo todo – poderão ser julgados em caso de abandono do dever profissional sob o direito canônico, por esta nova instância judicial vinculada à CDF (Congregação para a Doutrina da Fé).
A CDF, o ex-Santo Ofício, é responsável por garantir em toda a Igreja o respeito ao direito canônico.
O pontífice ordenou a nomeação de pessoal adicional para as novas funções, indicou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, que falou depois de uma reunião do conselho de cardeais, responsável por conduzir as reformas na Igreja católica.
Francisco prevê um período de cinco anos para avaliar a eficiência do novo dispositivo.
Estas pessoas também poderão ser empregadas para os julgamentos criminais em casos de abuso de menores e adultos vulneráveis (deficientes) pelo clero, indicou a Santa Sé.
Associações de ex-vítimas de padres pedófilos exigem há tempos que o fato de um bispo encobrir abusos sexuais contra menores cometidos por padres de sua diocese seja reconhecido como um crime e punido pelo Vaticano.
Escândalo duplo
Condenado firmemente pelo Comitê dos Direitos da Criança da ONU (Organização das Nações Unidas), o escândalo dos padres pedófilos contribuiu para desacreditar a Igreja católica por delitos ocorridos principalmente nos anos 1960 e 1970.
O escândalo foi duplo: milhares de menores foram atacados por religiosos, padres e freiras. Ao mesmo tempo, muitos bispos se recusaram a ouvir as reclamações das vítimas, por vezes, pedindo-lhes silêncio, protegendo os padres acusados, e mantendo-os em posições onde pudessem continuar suas atividades.
O Vaticano foi então acusado de proteger os bispos para evitar escândalos. O papa Bento XVI pediu, em 2011, a todas as conferências episcopais que adotassem dispositivos para dar um fim a esses casos. (AFP)
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