Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2015
Em reunião que durou cinco horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou, na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff a atender a todos os pedidos do PMDB, mesmo que para isso tenha de desidratar o PT na reforma ministerial. “É melhor perder ministérios do que a Presidência”, disse o ex-presidente, segundo relato de ministros do PT que participaram da conversa, no Palácio da Alvorada.
A portas fechadas, Lula avaliou que a estratégia montada para atrair os aliados rebeldes, entregando o Ministério da Saúde – atualmente com o PT – à bancada do PMDB na Câmara dos Deputados deu fôlego para Dilma barrar pedidos de impeachment no Congresso.
Deputado do PMDB mais cotado para ocupar a pasta, Manoel Junior (PB) defendeu a renúncia da presidenta há cerca de um mês. Ele também já se posicionou contra a volta da CPMF, imposto que pode aumentar a receita da pasta que atualmente pretende ocupar. Na campanha de 2014, ele apoiou as candidaturas de oposição.
Lição
A perspectiva real de abraçar a ingovernabilidade tirou Dilma de sua inércia. Com o dólar na estratosfera e a economia indo para o vinagre, a chefe do Executivo operou nos últimos dias para tentar salvar seu governo da implosão iminente. Usou sua maior arma, a caneta de nomeações, e ofereceu ao PMDB o que ele desejava: espaços generosos na nova equipe ministerial que está sendo montada. Em troca, recebe apoio do partido contra os projetos da chamada pauta bomba, que ameaçam as contas do País, e vê diminuir a chance de aprovação de seu impeachment.
Se o remédio adotado pelo governo é suficiente para salvar o doente, somente o tempo dirá. a presidenta conseguiu, pelo menos, ganhar tempo na desesperada luta para se reerguer politicamente. Mas seus próximos gestos confirmarão ou não se o PMDB marchará ao seu lado ou se a abandonará, caso não tenha seus interesses atendidos. (AE)