Na visão do setor produtivo, no entanto, a medida não tende a baixar significativamente os preços internos do grão, que foram impulsionadas pelo aumento na demanda decorrente da pandemia do novo coronavírus aliado ao dólar favorável para exportação.
O presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, disse à Reuters que a entidade foi surpreendida com a demanda do Ministério da Agricultura sobre a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), visto que o tema havia sido discutido recentemente.
“A Câmara (setorial) nacional tratou desse assunto na semana passada e foi unânime contra a isenção da TEC”, afirmou.
Mesmo com a decisão da Camex, ele avaliou que não há espaço para queda de preço no Brasil tanto pelo nível de restrição da oferta quanto pelo calendário de safra dos fornecedores que seriam beneficiados com a medida.
“Não acredito na redução de preço, pela baixa disponibilidade do produto e também porque só terá produto para entrar aqui em novembro, de países como Estados Unidos e Índia, por exemplo. Não vejo mudança de mercado, mesmo baixando a TEC”, disse.
O arroz em casca no Rio Grande do Sul, principal produtor nacional, fechou a terça cotado em 104,17 reais por saca de 50 kg, alta de 10,8% na variação mensal e mais que o dobro da média de 45,15 reais registrada um ano antes, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) ressaltou em nota publicada em seu site que o câmbio “praticamente inviabilizou as importações do produto de parceiros do Mercosul”, que são isentos de tarifas. O fato contribuiu para a atual restrição de oferta no País, segundo a associação.
As importações de arroz pelo Brasil de janeiro a agosto somaram 373,3 mil toneladas, queda de 26% ante o mesmo período do ano passado, segundo dados do governo.