Quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2025
O sistema carcerário gaúcho abriu mais uma frente de trabalho para ressocialização de indivíduos privados de liberdade. Mediante termo de cooperação entre a Polícia Penal e a a fábrica Mileva de utensílios para limpeza, a Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa) estabeleceu a sua primeira linha de produção por empresa privada com mão-de-obra prisional. As atividades foram abertas por um ato simbólico nessa segunda-feira (8).
Com cinco detentos contratados, a produção tem por objetivo a montagem, etiquetagem e embalagem de aproximadamente 2 mil peças de rodos e escovas a cada dia. O diretor da unidade, Rafael Ferreira, enaltece:
“Por mais simples que possa parecer, esse é um divisor de águas. Com sete anos de atividades, a Pepoa está começando a construir estas oportunidades, com os cinco apenados, e iniciamos muito bem. Obrigado por acreditarem na nossa capacidade”.
A iniciativa é sublinhada também pelo titular da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), Jorge Pozzobom:
“Neste ano, quando criamos o programa ‘Sortes’, essa penitenciária não tinha trabalho prisional remunerado. Essa iniciativa é a primeira de muitas que ainda estão por vir para que os presos do sistema prisional gaúcho saiam qualificados e tenham, de fato, oportunidades de ressocialização”.
O “Sortes” por ele mencionado é uma sigla formada pelas palavras “Segurança pública”, “Obras”, “Religião”, “Trabalho prisional”, “Educação” e “Servidores”.
Atualmente, 15.600 pessoas privadas de liberdade participam de atividades laborais, em todos os regimes penais. Destas, 2.734 atuam de forma remunerada. A diretora do Departamento de Tratamento Penal (DTP), Rita Leonardi, acrescenta:
“Hoje estamos construindo uma nova história na Pepoa, na qual conseguimos proporcionar um tratamento de pena digno e abarcar todas as dimensões da Matriz Sortes, também com trabalho e educação”.
Quebra de paradigma
Outro aspecto considerado relevante por Rita é a quebra de paradigma na visão das empresas, que passaram a procurar a Polícia Penal com interesse em informações sobre funcionamento, procedimentos e contratação de mão de obra prisional. É o caso da Mileva.
Suas sócias-proprietárias, Gabriela Andrioli e Marcela Vogel, buscaram a instituição após tomar conhecimento das experiências colocadas em prática em outros presídios do Estado. O trabalho começou no dia 18 de novembro e, após o período de treinamento, já apresenta níveis de produtividade adequados.
Por parte da Mileva, há interesse em ampliar a cooperação. A dupla de empresárias também se propôs a divulgar a iniciativa junto a outros protagonistas para o setor industrial, segundo elas por acreditarem no potencial desse tipo de mão-de-obra prisional.
(Marcello Campos)
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