Por Redação O Sul | 3 de julho de 2015
Acapital da França, Paris, irá construir o primeiro arranha-céu na cidade em quase 40 anos. O conselho da cidade aprovou os controversos planos de construção da Tour Triangle (ou Torre Triangular, na tradução livre), um prédio de 180 metros de altura que irá custar mais de 500 milhões de euros (cerca de 1,73 bilhão de reais). Comuns em todas as metrópoles, os arranha-céus sofrem grande oposição na capital francesa desde que a Torre Eiffel, de 300 metros de altura, foi erguida, em 1889.
Na década de 1970, Paris impôs um limite de altura de 36 metros para novos edifícios. Foi a época na qual o último grande arranha-céu foi construído ao sul da capital, Montparnasse, de 59 andares e 210 metros de altura. Desde então, a maioria dos arranha-céus concentra-se na zona empresarial La Défense, na periferia oeste. Em 2010, esse decreto foi abolido e, desde então, os cidadãos parisienses vinham aguardando ansiosos o primeiro arranha-céu da Cidade Luz em quase quatro décadas.
A Tour Triangle gerou amplos debates desde que a agência Herzog & de Meuron publicou o design do prédio espelhado de 42 andares. O mesmo conselho que aprovou o projeto já havia votado contra sua construção em novembro de 2014. Além disso, o edifício, que deve ser concluído em 2018, recebeu diversas críticas de políticos aliados à causa do meio ambiente, que afirmam que a torre não usa tanta energia eficiente quanto poderia. Moradores da área onde ela será erguida – o bairro de Porte de Versailles, também se mostraram insatisfeitos com o projeto. Por outro lado, apoiadores do empreendimento imobiliário argumentam que, com uma população de 12 milhões em sua área metropolitana, a capital da França precisa de arranha-céus para oferecer mais espaço.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, conseguiu dissuadir uma parcela da oposição em novembro de 2014, quando parte do espaço que seria destinado a escritórios foi doada para centros culturais e de cuidado a crianças.
A torre deverá abrigar, além dos 70 mil metros quadrados para futuros escritórios, um hotel de 120 quartos, um restaurante e um sky bar que terá visa panorâmica. O último grande arranha-céu construído dentro da cidade foi o edifício Montparnasse, de 59 andares e 210 metros de altura, erguido no sul de Paris em 1973.
Divergências.
Olivier de Monicault, presidente da SOS Paris, associação fundada para se opor a projetos arquitetônicos, afirmou que a construção do prédio tem pontos negativos, a começar pela sombra que faria sobre as casas e edifícios à sua volta. Talvez, porém, o principal fator de reprovação seja o temor do prejuízo ao visual e ao clima da cidade. “Os turistas não vêm para cá para ver uma Manhattan [EUA]”, constatou.
Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Instituto BVA concluiu que a maioria dos parisientes – 62% – é contra novos arranha-céus. E parece que só os mais jovens tendem a ver o Tour Triangle de forma positiva. “Eu acho que faz sentido em termos econômicos, porque vai criar empregos e deve aquecer o comércio na região”, disse o assessor de imprensa Ralph Hippocrate, 28 anos.
Já para os mais velhos, o novo projeto prova que o governo não aprendeu a lição de Montparnasse. “O que eu gosto em Paris é o fato de não estar cercada por prédios enormes. Deixar as empresas nos escritórios de La Défense já está bom demais”, comentou a aposentada Danielle Outreman, 60.
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