Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2019
As queimadas são apenas uma das etapas do ciclo de uso da terra na Amazônia. Depois do desmate, se nada de novo acontecer, a floresta pode se regenerar. Uma floresta secundária, no entanto, nunca será como uma original, mesmo que uma parte da biodiversidade consiga se restabelecer. Mas, na prática, o que acontece é que a mata não tem tempo de crescer de novo.
Em áreas alvo de exploração irregular, o primeiro passo é a retirada de árvores menores, depois as maiores, e na sequência o fogo é usado para abrir espaço para o pasto. O resultado dessa prática criminosa em terras amazônicas é uma alta de 74% nas áreas de pasto nos últimos 30 anos, de acordo com dados do Mapbiomas. Estima-se que 80% das áreas desmatadas sejam usadas para esse fim.
Uma floresta pode voltar a ser floresta?
Sim, mas demora muito tempo. O mais antigo dos indígenas Karipuna, Aripã, diz que não tem medo dos madeireiros porque depois de um tempo a floresta volta a crescer. Eles diz que é o pasto que acaba com a terra.
De acordo com Carlos Rittl, “a estrutura de biodiversidade demora centenas de anos para se recuperar, mas a estrutura de recomposição florestal pode demorar algumas décadas”.
Segundo o coordenador do Observatório do Clima, isso não é motivo para não criar planos de recuperação da floresta. “O manejo voltado para a recuperação dessas áreas pode acelerar determinados processos, pode ajudar no ponto de vista de carbono e melhorar a biodiversidade, mesmo que não volte a ser o que era antes.”
Quando a Amazônia vira pasto?
Depois do processo de queimada, para evitar que novas sementes de árvores voltem a germinar, os agricultores usam o pasto, que cresce rápido, para começar a produção pecuária.
É necessário desmatar para aumentar a produção?
Estudo publicado pela revista Science em julho deste ano mostra que o Brasil tem 50 milhões de hectares vazios. Essa área foi degradada e abandonada muitas vezes pelo agronegócio.
Para Rittl, as áreas já afetadas são suficientes para resolver a questão da expansão da produção agropecuária, sem precisar derrubar mais qualquer árvore.
“São áreas que, se houver um bom manejo de solo, elas podem oferecer espaço suficiente inclusive para a expansão da produção de alimentos e para outras atividades, por exemplo, o plantio de árvores para fins energéticos, mas hoje, infelizmente, se avança em áreas de vegetação natural”, completa Rittl. As informações são do site G1.