Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2022
Os pastores lobistas investigados por atuarem em uma espécie de gabinete paralelo no Ministério da Educação estiveram mais de 100 vezes na sede da pasta e no prédio do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), durante o governo Jair Bolsonaro. Durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, exonerado após uma série de reportagens do jornal O Estado de S. Paulo, os pastores da Assembleia de Deus Cristo Para Todos Gilmar Santos e Arilton Moura tinham a deferência de usar a “entrada privativa” no MEC (Ministério da Educação).
Os dois tinham acesso direto ao então ministro e chegaram a cobrar propina até em ouro para facilitar a liberação de recursos da educação para prefeitos, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Além do gabinete do ministro, eles frequentaram a Secretaria Executiva do MEC, cujo titular era, na ocasião, era o atual ministro Victor Godoy, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, e a Assessoria de Comunicação Social. Os dados fazem parte dos registros de entrada dos pastores nos edifícios-sede dos órgãos, entre 2019 e 2022, e foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação.
Barras de ouro
Embora tenha um cargo secundário na estrutura religiosa da igreja, o assessor de Assuntos Políticos Arilton Moura era o principal agente do esquema em Brasília. Ele esteve 90 vezes na sede do MEC e 21 no FNDE, segundo os registros do governo federal. Moura foi acusado por prefeitos interessados em receber verbas do MEC de solicitar propina em dinheiro e barras de ouro.
As audiências com o ex-ministro no MEC se estendem até 4 março de 2022, portanto, meses depois de quando Ribeiro afirma ter encaminhado uma denúncia à Controladoria-Geral da União sobre os pastores. Ambos voltaram ao gabinete ministerial no 8º andar do MEC: Arilton Moura, em 13 ocasiões; Gilmar Santos, duas vezes.
O pastor Gilmar Santos, que preside o ramo “Cristo Para Todos” da Assembleia de Deus, foi ao MEC em 13 ocasiões e ao FNDE em 3. Tanto o MEC quanto o FNDE informaram não possuir atas de registro dos assuntos discutidos pelos pastores nas reuniões e tampouco gravações em áudio ou vídeo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.