Colunistas Pedaladas.
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2015
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Dia sim e outro também, irrompe um escândalo na República. Segundo Lula, Dilma e seus escudeiros petistas, é porque agora ninguém engaveta mais as investigações. Dão a entender que se não fossem os governos do PT tudo permaneceria na sombra, e nem teríamos notícia da vergonheira.
Um comercial de TV do PT não deixa barato: nunca foram presos tantos corruptos como nos últimos 12 anos. Mas a gabolice omite o detalhe revelador: os políticos mais importantes que foram dormir atrás das grades eram próceres petistas.
A quase totalidade dos desfalques cometidos contra as estatais brasileiras e o erário, e que teimam em frequentar as manchetes, se deram depois de 2002. Ou foram praticados por gente do PT ou dos partidos da base aliada, como o PMDB e o PP. Tirando onda de paladinos da moral, atribuem a si o mérito das investigações. É um velho hábito do partido, se apropriar de conquistas de toda a sociedade como se fossem suas.
Não há discussão de que a corrupção hoje é mais combatida. Atuam em plena carga o MP (Ministério Público) e a PF (Polícia Federal). Mas se é verdade que o combate à corrupção nunca foi tão intenso, também é verdadeiro que desde 2003 nunca se roubou tanto neste País.
Não é o PT que abre caminhos para desvendar os malfeitos com o dinheiro público. É o inverso: quando sente o cheiro do perigo, quando se vê em apuros, usa todos os meios para abafar investigações que podem abalar os interesses do partido.
Não são somente CPIs engavetadas. Sabe-se agora que uma facção da Polícia Federal que atua na Operação Lava-Jato, em meio à campanha eleitoral, escondeu informações sobre a ação de João Vaccari Neto. Os policiais federais envolvidos na manobra deram uma “pedalada” no caso, deixando-o para depois da eleição. Na época obtiveram de Dilma um mimo, uma medida provisória que lhes garantia (e à corporação) certos privilégios nas promoções. Segundo ela, era para fortalecer a PF.
Em agosto de 2014, também no auge da campanha eleitoral, a CGU (Controladoria-Geral da União) – o principal órgão de controle interno do governo federal – recebeu uma denúncia de propina na Petrobras, através de um executivo da companhia holandesa SBM. A denúncia veio acompanhada de farta documentação, e confirmava o que Pedro Barusco já havia revelado na Operação Lava-Jato: a SBM tinha aportado 300 mil dólares na campanha de Dilma em 2010.
A CGU – que é ligada diretamente à Presidência da República – também deu sua “pedalada”, esfriando a matéria, alegando falta de provas. Como a denúncia é grave, não deu para arquivá-la em definitivo. Foi retomada, mas só depois da reeleição de Dilma.
Semana passada a imprensa deu notícia de que a Petrobras destruiu as gravações em áudio e vídeo de reuniões do Conselho de Administração da empresa, quando se debateu a ocorrência de obras superfaturadas e a desastrosa compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na cadeira de presidente do Conselho estava Dilma Rousseff. Ela costuma alegar, candidamente, que nunca soube das bandalheiras na estatal.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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