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Geral Pesquisa diz que a violência nas escolas afeta autoestima, saúde mental e rendimento

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Maioria dos professores pede capacitação para combater violência contra meninas. (Foto: ABr)

Mais de 60% dos professores brasileiros não acredita que fazer comentários que reforçam estereótipos e diminuem a capacidade das alunas configura um tipo de violência contra as meninas. Em geral, docentes só percebem que uma menina é vítima de violência em casos mais graves, como de abuso sexual ou agressão física, mas deixam passar episódios que envolvem ofensas, comentários sobre seus corpos e regras que impõem diferenças entre eles – é o caso de proibi-las de usar bermuda ou de jogar futebol, por exemplo.

Ao mesmo tempo, 77% dos professores quer receber treinamento formal para lidar melhor com este problema, mas percebe que não há ferramentas institucionais para isso: apenas um terço participou de palestras e um quarto recebeu materiais educativos sobre o tema de igualdade de gênero e violência contra as meninas nas escolas.

Essas são algumas descobertas importantes da pesquisa “Livres para sonhar: percepções da comunidade escolar sobre violência contra meninas” – produzida pela organização Serenas, em parceria com a Plano CDE, apoio institucional da Nova Escola e apoio financeiro do Instituto Beja e do Instituto Machado Meyer.

Ao entrevistar 1.383 professores de todo o País, além de alunos, gestores escolares e representantes de Secretarias de Educação, a pesquisa gerou um grande diagnóstico de dados quantitativos e qualitativos sobre como se dá a violência contra meninas nas escolas brasileiras.

Para Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta e uma das conselheiras da organização Serenas, responsável pela pesquisa, disse que é preciso haver vontade política para mudar este cenário: “O que se ensina nas escolas parte de decisões políticas. Os professores podem ter muita boa vontade, mas não podem fazer muita coisa sem orientação e capacitação. É preciso saber como abordar o assunto em sala de aula, como identificar essas violências – especialmente as mais sutis, que muitas vezes passam despercebidas – e como intervir quando for necessário”.

Ela defende que, para convencer tomadores de decisão, é preciso superar a polarização ideológica – e um dos caminhos para isso, acredita, é justamente produzir dados concretos. “Precisamos construir uma discussão que seja de consenso, não de dissenso. Uma pesquisa como essa faz com que gestores encarem o problema e tomem decisões embasadas, no sentido de prevenir que a violência contra as meninas continue acontecendo dentro das escolas”.

Amanda Sadalla, cofundadora e diretora executiva da Serenas, diz que a demanda de professores e gestores escolares por formação adequada para lidar com violência de gênero aparece desde que a organização começou a trabalhar em parceria com secretarias de educação pelo País, há quatro anos. “Muitas vezes, estudantes vítimas de violência – seja física, sexual ou psicológica – buscam a escola pedindo ajuda. Se a escola não está preparada para lidar com isso, elas ficam desamparadas”, afirma.

O objetivo da pesquisa, afirma Sadalla, é movimentar os setores da educação que podem destinar recursos humanos e financeiros para esta temática. “A escola não çpode fazer esse trabalho sozinha. Outras áreas correlatas, como assistência social e saúde, precisam apoiar a educação nessa tarefa”, defende.

A grande maioria (86%) dos professores entrevistados pela pesquisa acredita que a violência contra as meninas interfere no rendimento delas na escola e outra parcela importante (71%) já percebe esses impactos negativos na prática – eles mencionam principalmente baixa frequência nas aulas, piora na autoestima, na saúde mental e nas aspirações para o futuro.

No entanto, o relatório mostra que os esforços das escolas e das Secretarias de Educação estão mais voltados para combater as violências contra as meninas depois que elas acontecem, e não em preveni-las, “o que limita a possibilidade de transformar o ambiente escolar em um espaço mais seguro e de relações saudáveis entre os estudantes”, afirma o relatório.

Para Luciana Temer, é preciso que gestores e Secretarias entendam a relação entre um ambiente seguro e a melhora do aprendizado de meninas e meninos. “Os gestores estão sempre muito preocupados com os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que mede a qualidade da educação no País). Mas a educação não diz respeito apenas a conteúdos como português, história e matemática. Todo tipo de violência – seja de gênero, de raça, dentro das famílias – impacta o rendimento dos alunos. Se o ambiente da escola for mais seguro para meninos e meninas, os índices de aprendizagem também melhoram”.

“Se a gente olhar apenas para violência de gênero contra mulheres adultas, estamos deixando de cuidar de uma parcela importante da população, que são as meninas em idade escolar. Além disso, estamos perdendo a oportunidade de educar os meninos nesta faixa etária, em que estão aprendendo a se relacionar”, completa Amanda Sadalla. (Alice Ferraz e Mariana Gonzalez/AE)

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https://www.osul.com.br/pesquisa-diz-que-a-violencia-nas-escolas-afeta-autoestima-saude-mental-e-rendimento/ Pesquisa diz que a violência nas escolas afeta autoestima, saúde mental e rendimento 2025-11-05
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