Sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2020
Não é todo dia, mas quando tem aquele happy hour com os amigos, o cardápio muda.
“Uma fritura que não faz parte do meu cardápio, ou um belisquinhos que não são aconselháveis todos os dias”, conta a advogada Ana Paula Bartolomeu.
Ficar olhando para a alimentação, ainda mais nas nossas vidas sempre apressadas, é um desafio. Você lembra do seu café da manhã, almoço, jantar de hoje, ontem, semana passada:
E esses alimentos trazem benefícios ou prejudicam o seu corpo? Afinal, qual é o padrão de alimentação do brasileiro? É o que um estudo inédito no país vai descobrir.
O Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP vai acompanhar 200 mil brasileiros por dez anos. Pelo celular, os participantes vão responder aos questionários do estudo NutriNet Brasil.
“Nós vamos considerar os vários dias em que essas pessoas propiciaram informações para o estudo, vamos definir, vamos estabelecer o padrão alimentar daquela pessoa e vamos relacionar isso com as eventuais doenças que elas vão adquirir ao longo de 10 anos”, explica Augusto Monteiro, o coordenador científico do Nupens-USP.
E como em cada lugar se come de um jeito, o estudo mostrará como é a alimentação por região do país. O Caíque Amaral é da Bahia e desde que mudou para São Paulo adotou outros hábitos.
“Eu sei que eu tenho que ser melhor, mas eu não consigo por causa da vida agitada.”
“A gente vai ser capaz de dizer quais são os padrões de alimentação no Brasil que protegem as pessoas de doenças como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças do coração, câncer e outras doenças crônicas. Então esses 200 mil brasileiros estarão prestando um serviço a todo o país, à saúde pública, à qualidade de vida no Brasil porque políticas públicas a gente só faz com evidências científicas, seguras. E essas evidências vêm de estudos como esse”, afirma o pesquisador.
Padrões alimentares
Um estudo que durou dez anos descobriu dois padrões alimentares específicos que aumentam o risco de morte em adultos mais velhos. Os pesquisadores monitoraram os hábitos alimentares de 2.582 adultos com idades entre 70 a 79 anos. Eles diminuíram as dietas a seis padrões: Alimentos Saudáveis; Produtos Gordurosos; Doces e Sobremesas; Carnes, Frituras e Álcool; Cereais Matinais e Grãos Refinados.
Num geral, comparado a pessoas que comem alimentos saudáveis, homens e mulheres nos seus 70 anos que comem alimentos com alto teor de gordura ou muitos doces e sobremesas têm um risco de morte 40% maior.
Mesmo após o ajuste para fatores de risco como sexo, idade, raça, educação, atividade física, tabagismo e consumo calórico total, os padrões alimentares “Produtos Gordurosos” e “Doces e Sobremesas” ainda mostraram um maior risco de mortalidade do que o padrão de alimentos saudáveis.
O nome do grupo normalmente tem a ver com a quantidade de calorias ingerida de apenas um grupo de alimentos. O grupo “Doces e Sobremesas” tira 25,8% de sua energia total de doces. O “Grãos Refinados” tira 24,6% de sua energia total de grãos refinados. O grupo de “Cereais Matinais” tira 19,3% de sua energia total de cereais, e o grupo “Produtos gordurosos” tira 17,1% de sua energia total de alimentos lácteos com alto teor de gordura.
Os seis padrões de consumo alimentar são:
“Alimentos Saudáveis”: maior consumo de produtos lácteos com baixo teor de gordura, frutas, grãos integrais, peixe, aves e legumes. Menor consumo de carnes, frituras, doces, bebidas energéticas e gordura.
“Produtos Gordurosos”: maior consumo de sorvete, queijo, e 2% de leite e iogurte. Menor consumo de aves, produtos lácteos com baixo teor de gordura, arroz e macarrão.
Doces e Sobremesas”: maior ingestão de donuts, bolos, biscoitos, pudim, chocolate, doces. Baixo consumo de frutas, peixes, outros frutos do mar e vegetais verdes escuros.
“Carne, Frituras e Álcool”: maior consumo de cerveja, licor, frango frito, maionese, molhos/salada, bebidas de alta densidade energética, nozes, salgadinhos, arroz, massa e gordura. Baixa ingestão de produtos lácteos com baixo teor de gordura, fibra de cereais matinais, farelo e outros cereais matinais.
“Cereais Matinais”: maior ingestão de fibra, farelo e outros cereais. Baixa ingestão de nozes, grãos refinados, vegetais amarelos escuros, e vegetais verdes escuros.
“Grãos Refinados”: maior consumo de cereais refinados (como panquecas, waffles, pães, bolos, e aveia) e carne processada (como bacon, salsicha, presunto). Baixo consumo de bebidas alcoólicas, cereais matinais e grãos integrais.