Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2021
A Petrobras pretende perfurar os primeiros blocos exploratórios na Margem Equatorial, região onde está localizada a bacia do Foz do Amazonas, no próximo ano. Em abril, a Petrobras comprou da BP participação em áreas de petróleo envolvidas em polêmica ambiental na região.
Em coletiva de imprensa para detalhar os resultados financeiros da estatal no primeiro trimestre, Fernando Borges, novo diretor executivo de Exploração e Produção da companhia, disse que a estatal espera obter o licenciamento do Ibama no início de 2022 para perfurar as áreas na Margem Equatorial.
“Temos a previsão de furar pelos menos três poços exploratórios no fim de 2022, nas bacias Pará-Maranhão, Foz do Amazonas e Barreirinhas. A gente considera a Margem Equatorial uma fronteira exploratória e empenhamos bastante dedicação e estudo para atender aos requisitos ambientais”, disse ele, destacando que a área tem uma reserva de 10 bilhões de barris após as descobertas nos países vizinhos como Guiana e Suriname.
Com a compra de parte da BP, a Petrobras passa a ser dona dos seis blocos no Foz do Amazonas que haviam sido adquiridos na 11ª Rodada de Licitação de Blocos da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ocorrida em 2013.
Além da BP, a Total tinha uma fatia nos blocos, mas em setembro de 2020 a Petrobras assinou acordo para assumir a operação e a integralidade das participações da Total nestes contratos, que ainda estão sujeito à aprovação da ANP.
BP e Total vinham se queixando nos bastidores, segundo fontes, das dificuldades no licenciamento ambiental. Até hoje, ainda há discussões com o Ibama sobre as exigências para que sejam iniciadas as etapas da atividade de exploração. A área é considerada por ambientalistas uma das mais ricas em biodiversidade do planeta.
Em dezembro de 2018, o Ibama já havia negado as licenças e informado que não cabiam mais recursos. Na ocasião, a presidente do Ibama, Suely Araújo, classificou o projeto com “deficiências técnicas”. No entanto, integrantes do governo já defenderam a exploração de petróleo ali.
Um dos entraves mais emblemáticos surgiu já em 2018. Na ocasião, o Greenpeace anunciou a descoberta de um recife de corais em uma parte da Bacia da Foz do Amazonas.
Petróleo
Sob nova direção, mas com planos de manter os mesmos pilares da gestão anterior. Esse foi o recado da nova diretoria da Petrobras em seu primeiro encontro com investidores. Os novos executivos reforçaram o compromisso da petroleira com a venda de ativos, redução de dívida e alinhamento dos preços dos combustíveis às cotações internacionais do petróleo.
Indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e no comando da Petrobrás desde abril, o general Joaquim Silva e Luna, não participou da etapa de perguntas durante a teleconferência com analistas para explicar o resultado da companhia no primeiro trimestre de 2021. Em um vídeo pré-gravado, o general destacou que vai trabalhar para que a estatal produza ao longo dos próximos mais petróleo do que em toda sua história.
A base da promessa são os reservatórios gigantes do pré-sal, principalmente o campo de Búzios, que no pico de produção vai extrair 2 milhões de barris diários da commodity, cerca de 65% da produção total da empresa atualmente, disse Luna no vídeo.
A diretoria da Petrobras substituiu o presidente da companhia nos comentários sobre o balanço, buscando dar um tom de continuidade à gestão de Roberto Castello Branco, demitido por não atender às solicitações de Bolsonaro para redução de preços praticados pela estatal.
Apesar da troca de comando, a pressão continua e o governo busca uma solução para reduzir o preço do gás de cozinha, que chega a custar R$ 120 o botijão de 13 kg em algumas localidades. Durante o encontro com jornalistas, porém, a estatal disse que não iria comentar o assunto.
Mais cedo, falando com analistas, o diretor de Comercialização e Logística da empresa, Cláudio Mastella, afirmou que não há necessidade de alterar a frequência de reajustes de preços dos combustíveis. “Não haverá mudança. A partir da observação de participação de mercado e competitividade vamos definir os preços. Não teremos uma frequência definida. Buscaremos competitividade e sustentabilidade do negócio”, afirmou.
Segundo ele, a petrolífera já adotou prazos mais curtos e mais longos de reajustes. Agora, está numa fase intermediária e deve se manter neste patamar. A política de reajustes de preço é tema de preocupação do mercado financeiro, atento a possíveis mudanças a serem impostas pelo novo comando da companhia.