Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2017
A Polícia Federal queria conduzir coercitivamente o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e sua ex-vice Nádia Campeão para prestarem depoimento na Operação Cifra Oculta – investigação sobre crimes eleitorais e lavagem de dinheiro relacionados à campanha, em 2012, dos então candidatos para prefeitura de São Paulo. O juiz da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo, Márcio Antônio Boscaro, negou.
O delegado da Polícia Federal Rodrigo Costa afirmou nesta quinta-feira, 1, que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) será intimado a prestar depoimento na Operação Cifra Oculta. A Polícia Federal deflagrou nesta manhã a ação ostensiva da investigação. A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato.
O juiz Márcio Antônio Boscaro acolheu parcialmente pedido da Polícia Federal em inquérito policial da Cifra Oculta e determinou, além da busca e apreensão, o sequestro de bens em gráficas que prestaram serviços à campanha de Haddad, em 2012, para a Prefeitura de São Paulo. A decisão também se estende aos endereços residenciais dos donos das gráficas.
Em nota, a PF informou que 30 policiais federais foram às ruas para cumprir 9 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, nas cidades de São Paulo, São Caetano e Praia Grande.
O inquérito policial é um desmembramento da Lava Jato e iniciou-se em novembro de 2015 em razão de determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) para desmembrar a colaboração premiada de executivos da empresa UTC em anexos para a investigação nos estados.
O inquérito apura o pagamento, pela empreiteira, de dívidas de uma das chapas da campanha de 2012 à prefeitura municipal de São Paulo, referentes a serviços gráficos no valor de R$ 2,6 milhões. A gráfica pertencia a familiares do ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza.
A dívida teria sido paga por meio de um doleiro, em transferências bancárias e dinheiro vivo, para empresas. Uma empresa mencionada na delação aparece como fornecedora de serviços, com valores informados de R$ 354.450,00. Somente consta na prestação de contas ao TSE outra prestação de serviços gráficos de R$ 252.900,00, valores bem inferiores à soma de R$ 2.600.000,00, que teria sido paga pela empreiteira UTC a gráficas.
Os investigados responderão, na medida de suas culpabilidades, pelos crimes de falsidade ideológica na prestação de contas à Justiça Eleitoral (Código Eleitoral, artigo 350) e lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98, artigo 1º), com penas de até 10 anos de prisão e multa.
Fernando Haddad, do PT, concorreu pela primeira vez a um cargo eletivo em 2012, quando se tornou prefeito de São Paulo no segundo turno com 55,57% dos votos válidos contra o senador José Serra (PSDB). Sua vitória nas urnas marcou o retorno do partido ao Município, depois dos mandatos de Serra e de Gilberto Kassab (PSD).
Para 2012, Haddad arrecadou R$42 milhões e gastou R$67 milhões. O rombo foi assumido pelo Diretório Nacional do PT no ano seguinte.
A campanha de Haddad já tinha sido citada em delações premiadas de executivos de empreiteiras. Em junho do ano passado, Flávio Gomes Machado Filho, ex-diretor da Andrade Gutierrez, disse que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu à empresa o pagamento de uma dívida de R$30 milhões da campanha do ex-prefeito. Ainda segundo o delator, R$ 5 milhões que a empreiteira teria de pagar eram para o marqueteiro João Santana. (AE)