Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2025
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, informou nessa terça-feira (30) que a Polícia Federal (PF) abriu uma investigação para apurar a origem do metanol usado para batizar bebidas alcoólicas em São Paulo. Segundo ele, é possível que essa rede de distribuição da substância atue também em outros Estados.
Além disso, Lewandowski definiu que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) conduza apuração administrativa diante do risco sanitário coletivo relacionado à adulteração de bebidas alcoólicas. As medidas foram anunciadas durante coletiva de imprensa.
De acordo com Lewandowski, a apuração da PF terá como foco a provável circulação de produtos adulterados em mais de uma unidade da Federação. “Trata-se de uma ocorrência grave, com reflexos na saúde pública. O inquérito policial permitirá verificar a procedência da droga e a possível rede de distribuição. No momento, as ocorrências estão concentradas em São Paulo, mas tudo indica que é uma ocorrência que transcende os limites do Estado”, explicou o ministro.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, orientou os profissionais da área. “Quero pedir que os profissionais da saúde estejam atualizados com os documentos disponibilizados pelo ministério, como o Guia de Vigilância em Saúde. Em breve, publicaremos uma nota técnica para que todos possam tirar dúvidas e receber as orientações específicas para casos como esses”, disse.
Os dados apresentados na coletiva demonstraram que a série histórica registrada tem cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol, e os registros de setembro deste ano somam 10 casos identificados de suspeita de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo. Isso mostra um registro epidemiológico diferente do que foi visto nos últimos anos e chamou a atenção das autoridades.
Os casos também apresentam padrão inédito e diverso aos que eram, até então, registrados. As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou à população em situação de rua, a partir de ingestão de álcool em postos de gasolina adulterados com a substância.
No entanto, a partir do início do mês de setembro, em um curto intervalo de tempo, os pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão recente de bebidas alcoólicas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros.
Dados do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo informam que foram confirmados sete casos de intoxicação por metanol, com suspeita de consumo de bebida adulterada. Outros 15 casos seguem em investigação. Até agora, foram registrados cinco óbitos, sendo um confirmado na capital e quatro ainda em análise – três em São Paulo e um em São Bernardo do Campo. Quatro casos foram descartados.
Cooperação
Além da questão sanitária, o objetivo do plano de ação do Governo Federal é, por meio de uma ampla articulação nacional da PF com os órgãos de saúde, de defesa do consumidor e de segurança pública nos estados, assegurar celeridade e efetividade na identificação da origem e da distribuição das bebidas alcoólicas adulteradas e na responsabilização criminal pela suposta prática.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, reforçou a importância da integração entre as instituições: “A investigação dirá se há conexão com o crime organizado. Nós trabalharemos de maneira integrada, como temos feito por determinação do ministro Lewandowski”.