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Por Redação O Sul | 17 de junho de 2015
A PF (Polícia Federal) está rastreando todas as viagens internacionais feitas pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Condenado no processo do mensalão e cumprindo a pena de 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, ele é investigado em inquérito policial na Operação Lava-Jato por suas atividades de consultoria a empreiteiras acusadas de fraudarem contratos com a Petrobras e de provocarem desvios superiores a 6 bilhões de reais.
A PF acredita que Dirceu pode ter utilizado sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, para ocultar propinas como forma de contratos de consultoria. No período de 2008 a 2012, a JD faturou 29 milhões de reais, grande parte vindos de pagamentos de empreiteiras acusadas na Operação Lava-Jato por fraudes na Petrobras.
A pesquisa sobre as viagens ao exterior do ex-ministro foi pedida pelo delegado Marcio Adriano Anselmo, da PF em Curitiba (PR), no dia 18 de maio, e servirá para instruir o inquérito 0212/2015, aberto contra o ex-ministro.
A PF afirmou que um dos contratos suspeitos é o da JD com a Engevix, no qual a empresa de Dirceu faturou 2,6 milhões de reais de 2008 a 2012. Esse dinheiro foi pago pelo lobista Milton Pascowitch, dono da Jamp Engenheiros Associados, que está preso em Curitiba desde maio. Em nove anos, a JD teria prestado serviços a mais de 50 empresas, em 20 diferentes setores da economia.
A assessoria de imprensa do ex-ministro publicou nota em seu blog informando que José Dirceu fez, no período de 2006 a 2013, quando já havia deixado o governo, 120 viagens ao exterior, visitando 28 países. No texto, seu advogado Roberto Podval disse que as viagens foram feitas representando o interesse de seus clientes.
“O histórico de viagens não deixa qualquer dúvida que o ex-ministro viajou a Portugal na época do contrato com a Camargo Corrêa e foi por dezenas de vezes a países da América Latina para trabalhar em nome da Engevix, Galvão Engenharia, UTC e outras empresas, sejam elas investigadas pela Lava-Jato ou não”, segundo o comunicado.
A defesa do ex-ministro disse que, desde janeiro, já havia enviado cópia de todos os passaportes de José Dirceu à PF.
Apesar da redundância do pedido, a defesa do ex-ministro vê com bons olhos a determinação da Polícia Federal. “Embora já tenhamos apresentado toda a documentação, a PF irá constatar, por conta própria, que José Dirceu viajou mais de uma centena de vezes ao exterior representando o interesse de seus clientes.”
A nota no site do ex-ministro disse que ele não é investigado formalmente pelos desvios na Lava-Jato e afirmou que “na semana passada, o foco em José Dirceu recaiu sobre seus sigilos fiscal e bancário. A mídia deu ampla repercussão à decisão da CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Petrobras de requerer a quebra dos sigilos do ex-ministro. Como este blog já publicou, o pedido era inócuo porque os dados bancários e fiscais da consultoria e de José Dirceu já haviam sido quebrados pela Justiça do Paraná, em janeiro, e tornados públicos em março por decisão do juiz Sérgio Moro”.
O delegado da PF Igor Romário de Paula afirmou que o ex-ministro deverá ser chamado para depor sobre o recebimento de 844 mil reais por parte da empreiteira Camargo Corrêa, investigada na Lava-Jato. “Eu entendo como inevitável”, disse.
Um relatório elaborado pela PF, a partir de documentos apreendidos na Camargo Corrêa, mostra que a empresa obteve mais de 2 bilhões de reais em contratos com a Petrobras de 2008 a 2013. No mesmo período, a construtora doou dinheiro a partidos políticos e empresas de consultoria, entre elas, a JD Consultoria, que pertence ao ex-ministro.
A assessoria de imprensa de José Dirceu reafirmou que o ex-ministro já se colocou à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento sobre os contratos de consultoria. “A JD foi contratada pela Camargo Corrêa para auxiliar a construtora em negócios no exterior, em especial em Portugal e Venezuela”, afirmou, em comunicado. (AG)