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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2018
A série de decisões judiciais obtidas pelo governo Temer contra a greve dos caminhoneiros não foi capaz de desobstruir as rodovias federais do País. Responsável por cumprir as decisões obtidas na Justiça pela AGU (Advocacia-Geral da União), a Polícia Rodoviária Federal argumentou que só pode agir quando há obstrução total das estradas – tática que foi evitada pelos manifestantes.
Em ao menos quatro Estados do País, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) disse não ter desbloqueado rodovias federais justamente porque não houve “bloqueio total” – mesmo após decisões da Justiça terem determinado a desocupação das estradas.
Essa informação foi obtida nas superintendências da PRF do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Pará: todos usaram o argumento do “bloqueio total”.
Até a noite desta quinta-feira, a AGU havia obtido na Justiça 19 liminares favoráveis; além das decisões nos quatro estados acima, também houve liminares em São Paulo, Goiás, Ceará, Sergipe, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rondônia e no Distrito Federal (em alguns Estados houve mais de uma ação).
Rodovias federais de 25 das 27 unidades da federação tinham interdição na noite desta quinta-feira – só Amazonas e Amapá não foram afetados. Na grande maioria dos casos, os bloqueios não são totais, mas prejudicam a circulação dos demais veículos e causam longos congestionamentos nas rodovias.
Brecha
É nessa brecha que atuam os caminhoneiros. Relato de um policial rodoviário federal a uma oficial de Justiça aponta que “os manifestantes, à espreita, agindo com dissimulação, sempre que percebiam a aproximação da viatura policial cessavam sua atuação no tocante a impedir a passagem de caminhões e quaisquer veículos de pequeno porte”. Ele fazia referência à ocupação de parte da BR-101, na quarta-feira (23), na altura de Joinville (SC). A manifestação continuou, com os caminhoneiros levando outros caminhões para as margens da rodovia.
Proposta do governo
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Eduardo Guardia (Fazenda) e Carlos Marun (Secretaria de Governo) anunciaram na noite desta quinta-feira (24), no Palácio do Planalto, que foi fechado acordo com entidades representantes dos caminhoneiros para suspensão dos protestos da categoria por 15 dias, quando as partes voltarão a se reunir.