Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2021
				Os dois primeiros casos da nova variante brasileira do coronavírus foram detectados em Portugal nesta quarta-feira (10), informou a emissora portuguesa SIC, duas semanas depois que todos os voos ligando o país europeu e o Brasil foram suspensos.
A SIC informou que ambos os casos da variante brasileira foram detectados na região de Lisboa e já tinham sido notificados às autoridades de saúde pela Unilabs, fornecedora privada de diagnósticos que promove a maioria dos testes de coronavírus em Portugal.
O Instituto Ricardo Jorge, que faz pesquisas em saúde pública no país, vai analisar as amostras da Unilab, segundo a SIC. A empresa não comentou a detecção.
Voos suspensos
Os voos entre Portugal e Brasil foram suspensos de 29 de janeiro a 14 de fevereiro para evitar a propagação das variantes da Covid-19.
Apenas voos humanitários e de repatriação são permitidos, e os viajantes são obrigados a apresentar um teste negativo para Covid-19 feito 72 horas antes do embarque e fazer quarentena por 14 dias após a chegada a Portugal.
A variante brasileira compartilha algumas características com mutações altamente transmissíveis detectadas pela primeira vez no Reino Unido e na África do Sul, ambas já presentes em Portugal.
Variante brasileira
A nova variante brasileira do coronavírus SARS-CoV-2 foi encontrada pela primeira vez no Japão a partir de viajantes que tinham saído de Manaus. Essa descoberta foi feita dias antes de a cidade entrar em colapso hospitalar, com falta de oxigênio. Além disso, a mutação, chamada de P.1, foi detectada em um caso de reinfecção.
Por causa dessa nova variante, países vêm reforçando medidas de restrição de viagem a partir do Brasil. Mesmo assim, a P.1 já demonstrou estar presente em outras partes do mundo. Na terça-feira, a Suíça registrou os primeiros casos dessa variante. Um dia antes, a Argentina havia reportado diagnósticos desse patógeno.
“Tsunami” de Covid-19
Portugal vive hoje um “tsunami” de Covid-19. É o que afirma o médico brasileiro Marcelo Matos, 45, que atua na urgência de dois hospitais da região metropolitana de Lisboa. Os números corroboram a sua avaliação: em 28 de janeiro, o país chegou ao recorde de 16.432 novos casos.
Proporcionalmente ao tamanho da população, o dado equivaleria a quase 340 mil infectados diariamente no Brasil – que, na mesma data, teve 61.811 novos registros.
“Eu vivi todas as ondas do novo coronavírus em Portugal. A primeira [em março de 2020] foi uma marola, vimos o que aconteceu no resto da Europa e nos preparamos bem, não houve sobrecarga. A segunda [em outubro e novembro] foi mais puxada. Mas chegamos ao ápice agora. A terceira onda é um tsunami”, diz Matos à BBC News Brasil.
Ele relata um cenário de caos nos hospitais durante o pico das infecções, no mês passado, e afirma que, a cada 4 pessoas que chegam à emergência atualmente, 3 têm sintomas de Covid-19. “Na primeira onda, era o contrário, quase ninguém ia para o Covidário [nome dado ao espaço reservado aos casos suspeitos da doença nos hospitais].”
“Presenciei situações dantescas. Quando chegava para trabalhar, às duas da manhã, encontrava 60 pessoas à espera de serem atendidas (em dias normais, seriam cinco ou seis)”, afirma. As informações são da agência de notícias Reuters e da BBC News.