Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2022
Os preços do gás natural na Europa dispararam na quinta-feira (12), um dia depois de a Rússia divulgar um conjunto de sanções contra empresas de energia atuantes no continente que pode pôr o fornecimento ainda mais em risco.
Entre as empresas que sofreram sanções de Moscou estão ex-subsidiárias da gigante estatal russa de gás Gazprom na União Europeia e o proprietário polonês de um importante trecho de gasoduto. As restrições podem reduzir a flexibilidade da Europa para importar gás russo por meio de rotas que não passem pela Ucrânia, embora analistas afirmem que ainda não se sabe qual será o impacto total sobre o fornecimento de gás.
Um dos alvos das sanções russas foi a Gazprom Germania, uma unidade importante da Gazprom cujo controle foi assumido pelo governo alemão no mês passado. O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse na quinta-feira que algumas subsidiárias da Gazprom Germania pararam de receber gás russo como resultado das sanções, mas garantiu que as empresas encontraram alternativas não russas.
“A situação tem se agravado, na medida em que o uso da energia como arma se concretizou”, disse Habeck. Ele avaliou que a intenção por trás das sanções russas parece ser a de elevar os preços do gás.
Habeck afirmou que a iniciativa russa cortou o fornecimento de gás para a Alemanha em 10 milhões de metros cúbicos por dia, ou cerca de 3% do fornecimento anual de gás russo para o país. Segundo ele, esses volumes podem ser conseguidos com fornecedores alternativos no mercado de gás.
Ainda assim, Habeck pediu à população que reduza o consumo de gás, para se preparar caso a Rússia corte todas as exportações. “Economizar, economizar, economizar seria algo extremamente benéfico para nós este ano”, disse ele.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou na quinta-feira que não pode haver negociações com as empresas sob sanção, que estão proibidas de fornecer gás russo, mas ressalvou que outras empresas podem continuar envolvidas no fornecimento.
Os contratos futuros do gás holandês, que são a referência no noroeste da Europa, saltaram 18% ontem, enquanto os preços do gás no Reino Unido subiram 34% e os da energia na Alemanha, 15%. Embora os preços do gás estejam abaixo dos níveis máximos de março, eles ainda estão mais de quatro vezes mais altos do que no ano passado, o que aumenta as pressões inflacionárias que têm empurrado os bancos centrais a apertar sua política monetária.
Outro fator que eleva ainda mais os preços é que a quantidade de gás russo que vai para a Europa através da Ucrânia deve cair em quase um terço. Pouco mais de 53 milhões de metros cúbicos de gás estavam agendados para fazer essa rota na quinta-feira, uma queda com relação aos 73,4 milhões da quarta-feira. Não foi possível determinar o que causou a queda nas exportações via Ucrânia. Para analistas, é provável que isso não esteja relacionado com as sanções de Moscou, e sim com uma demanda menor de gás russo pelos grandes clientes da Gazprom na Europa Ocidental e Meridional.
Pelas transações fechadas anos atrás com a produtora estatal russa, as concessionárias de serviços e outros clientes pagam de acordo com o nível pelo qual o gás foi negociado no mês anterior. Os preços no mercado à vista europeu eram mais altos na época do que são hoje, o que levou as empresas a explorarem o mercado europeu em vez de obter mais gás diretamente da Gazprom.
Os preços da energia na Europa começaram a disparar no segundo semestre de 2021, quando a oferta mundial de gás natural diminuiu. Eles voltaram a subir depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro, criando uma incerteza enorme sobre o fornecimento de energia para a Europa.
Na noite de quarta-feira, Moscou anunciou as sanções contra 31 empresas de energia, entre elas a Gazprom Germania e a EuRoPol GAZ, proprietária do trecho polonês do gasoduto Yamal-Europa, que transporta gás russo para a Alemanha. Outros alvos foram a operadora de armazenamento de gás Astora, e a empresa de exportação e importação Wingas, ambas subsidiárias da Gazprom Germania. As informações são da Dow Jones Newswires.