Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2025
O presidente da CPI do INSS, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de Domingos Sávio de Castro, depoente da sessão do colegiado nesta terça-feira, 28. O empresário é sócio de empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, apontado como líder do esquema. Os dois mantêm juntos a True Trust Call Center e a Call Vox, que, segundo as investigações, auxiliavam na adesão de beneficiários.
“Em nome da ordem pública, da aplicação da lei penal, da conveniência da instrução criminal, esta presidência vai subscrever, junto com o relator e os demais parlamentares que entendam como importante, que o depoente, senhor Domingos, seja alvo de uma prisão preventiva por parte do Supremo Tribunal Federal”, disse Viana.
Munido de um habeas corpus parcial concedido pelo ministro Luiz Fux, do STF, Castro se esquivou dos principais questionamentos sobre valores recebidos por associações e sobre sua relação comercial com o Careca do INSS. A decisão não lhe garantiu o direito de ficar em silêncio durante toda a sessão do colegiado, mas permitiu não responder perguntas potencialmente incriminadoras.
As empresas dele trabalhavam para associações investigadas por proceder cobranças irregulares. Uma delas, a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (UNASPUB), teria transferido cerca de R$ 4,8 milhões a Castro, conforme relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) enviados à comissão.
“É como se o senhor fosse um corretor de dados e informações de pessoas aposentadas”, disse o relator da CPI, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) antes de inquirir o depoente.
Os serviços foram prestados por meio da Call Vox, que teve a entidade como única cliente. “A estrutura que eu montei, em maio de 2022, não era necessariamente para a UNASPUB. Eu ia trabalhar no mercado”, disse. As centrais da empresa recebiam queixas sobre descontos ilegais. Castro se recusou a dizer o que fazia com as reclamações que recebia.
Dentre as perguntas das quais se esquivou estão também questionamentos sobre procuração concedida pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) a um de seus funcionários, Adelino Rodrigues Júnior, sócio da DM&H Assessoria Empresarial e Corretora de Seguros. Castro disse que pagava a ele salário de R$ 5 mil e que Júnior era de classe média baixa.
No entanto, a empresa de que Junior é sócio repassou R$ 7 milhões a Castro, que mandou a seu subordinado R$ 1,5 milhão. “Orientado pela minha advogada, vou me manter em silêncio”, limitou-se a dizer.
A decisão de não responder às perguntas foi criticada por Viana que citou o comportamento ao anunciar que pediria a prisão preventiva de Castro. “Aqui está um dos que participaram desse esquema. Chegou com habeas corpus, cabeça erguida, alma fria, calado. Mas o silêncio também fala. E o silêncio, a meu ver é o grito pela culpa.
Antes de entrar na mira das investigações sobre fraudes no INSS, Castro já havia sido alvo da Operação Strike, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal em dezembro de 2018, para desbaratar grupo criminoso que aplicava golpes contra servidores públicos por meio da falsa oferta de precatórios e seguros de vida. Foi condenado em primeira instância, mas o processo está em recurso.
O empresário alega ter demonstrado que os descontos efetuados por ele sobre as folhas de pagamentos de aposentados e pensionistas dizem respeito à venda de seguros.
“As quatro vítimas que dizem que eu fui ardil com elas, o Ministério Público informou que eu havia feito descontos irregulares nos contra-cheques delas de associação de servidores. Na verdade, eu provei em juízo que os descontos que eu havia feito para eles em épocas diferentes dessa operação, eram descontos de seguros”, disse o empresário. Com informações do portal Estadão.