Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2021
Wilson Ferreira Junior é um grande defensor da privatização da empresa
Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilA Eletrobras comunicou que Wilson Ferreira Junior, atual presidente da empresa e membro do Conselho de Administração, renunciou ao cargo. Em fato relevante, a estatal afirmou que a decisão foi tomada por motivos pessoais.
Ferreira Junior ficará na função até o dia 5 de março para fazer a transição ao seu sucessor, cujo nome ainda será definido. Ele é um grande defensor da privatização da empresa. No cargo desde julho de 2016, Ferreira Junior foi nomeado pelo ex-presidente Michel Temer. Depois, foi convidado pelo governo de Jair Bolsonaro para continuar no comando da estatal. Em dezembro, o governo anunciou que pretende realizar nove privatizações em 2021, entre elas, a da Eletrobras.
“A Companhia aproveita o ensejo para agradecer ao Wilson por sua reconhecida liderança na reestruturação organizacional e financeira do Sistema Eletrobras durante seu mandato de cerca de 4,5 anos. Sob sua gestão, a Companhia atingiu lucros históricos”, diz trecho do comunicado divulgado pela estatal.
Quebra de perspectiva
Wilson Ferreira Jr, afirmou nesta segunda-feira (25) que sua saída da empresa foi motivada pela “quebra de perspectiva” de privatização da empresa. “A privatização carece de capital político. Tivemos a pandemia, que deslocou os planos para o segundo semestre do ano passado, e agora tivemos manifestação de candidatos [na eleição legislativa] de que esse processo não seria prioritário”, disse.
“O que falta fazer é aumentar a capacidade de investimento, se não consigo ver perspectiva de prioridade para esse processo, minha contribuição fica perdida”, afirmou Ferreira Jr. “Vou continuar no Conselho de Administração. Se o processo seguir, poderei ajudar”, disse.
O executivo não mencionou nomes, mas a declaração a que fez referência foi de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado. O parlamentar disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a privatização da empresa não estava garantida e deveria ser feita sem se submeter a “entreguismo sem critério”.
“Não estou aqui para questionar. Posso dizer que é uma prioridade do Ministério de Minas e Energia e Ministério da Economia, necessário para fazer frente aos desafios fiscais que o país tem. É uma condição necessária, mas, aparentemente, não suficiente”, disse Ferreira Jr.
“Então, [a saída] foi uma decisão pessoal, vendo que a reestruturação da empresa estava cumprida e ela tem hoje capacidade de investimentos modestos, mas suficientes”, afirma.
O executivo elencou conquistas na empresa desde sua chegada em 2016. Ele afirma que reduziu em 50% o pessoal empregado e em 40% os custos fixos, o que levou a um endividamento menor, possibilitando a retomada de investimentos.
Ferreira Jr. afirma, contudo, que a discussão sobre privatizações amadureceu pouco no país e sofre resistência da opinião pública. Assim, novos atrasos no cronograma inviabilizariam a conclusão do processo no curto prazo pela proximidade com as eleições de 2022.
“No quarto ano de mandato, começam as discussões para a eleição [presidencial]. Se não for uma prioridade agora, de viabilizar neste ano, passaria para o ano que vem e encontraríamos dificuldades”, disse o executivo. “Não quero dizer que não possa ser feito, mas é mais difícil de fazer.”