Domingo, 16 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2016
Reverter os números negativos do cenário preocupante em que o País se encontra é o principal objetivo do Sistema FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) em 2017. O presidente Heitor José Müller acredita no início de um movimento sustentado de reindustrialização, já que em 2016 os números foram alarmantes. A economia brasileira deve registrar até o final de dezembro uma contração de 3,5%, conforme a estimativa divulgada pela Federação. “Esta é a crise mais profunda da nossa história. Em dois anos, o PIB [Produto Interno Bruto] encolheu 7,1% e o número de desempregados chegou a 12 milhões”, comenta Müller.
Todos os setores que geram economia foram afetados de alguma maneira, mas o mercado industrial obteve queda espantosa. Segundo Müller, esse cenário é resultado da perda de confiança do consumidor. “Recuperar a fidelidade é fundamental para que as indústrias voltem a investir, e para que isso se concretize, estamos apostando nas medidas do novo Governo”, afirma. A aprovação do ajuste fiscal e a melhora nas condições financeiras nas empresas influenciam no aprimoramento do setor.
“Precisamos pensar em oxigenar a economia brasileira por meio de medidas pontuais. A começar pela enorme carga burocrática. Não é apenas a questão tributária, é a burocracia exagerada também”, declara o presidente. O balanço 2016 e as perspectivas para 2017 divulgados pela FIERGS foram elaborados pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) e apontam a possibilidade de um lento início de reabilitação da economia brasileira.
A FIERGS traça panoramas possíveis para 2017. No cenário base considera que a economia brasileira se estabilizará já nos dois primeiros trimestres do ano e apresentará um crescimento de 0,5% no PIB. No RS não será muito diferente: a recuperação lenta acompanhará a melhora gradual, gerando um tímido aumento de 0,4%. “O aumento da produtividade é o caminho para a indústria gaúcha voltar a produzir. Para que isso ocorra, o setor econômico deve garantir emprego e segurança. Sem estes princípios, não vamos andar para frente”, explica Müller. O cenário otimista antevê um crescimento determinado pela recuperação acima do esperado dos investimentos e da demanda interna (1,7%). Entretanto, é difícil quantificar qual a demanda reprimida após três anos de resultados negativos. Já no cenário negativo não está descartada uma nova queda no PIB.
No RS, mais de 280 municípios tiveram redução de habitantes porque os jovens se mudaram para cidades modernas, com shoppings centers e indústrias. “Onde não há indústria, não há desenvolvimento”, destaca o presidente. Para ele, o Estado é o mais complicado, é também o mais demorado e burocrático. “É uma situação que devemos resolver para que tenhamos a façanha de recuperar a autoestima”, acrescenta.
Müller acredita que se a indústria gaúcha não voltar a produzir, o RS vai perder o mercado interno para outros Estados e o mercado local para os importados. “Temos tudo para ser o melhor país do mundo, mas é preciso mais trabalho em equipe, abandonar o individualismo e atualizar as novas políticas”, finaliza. (Clarice Ledur)