Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2022
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Augusto Xavier, anunciou que enviou nesta sexta-feira (26) um ofício à PF (Polícia Federal) exigindo a abertura de um inquérito contra ele próprio, por seu suposto envolvimento no arrendamento ilegal na terra indígena Marãiwatsédé, no norte de Mato Grosso. O pedido ocorre um dia após a divulgação de uma gravação entre Xavier e um coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira que foi preso sob acusação de coordenar os arrendamentos e receber propina de fazendeiros.
Gravação
Na gravação, o presidente da Funai diz ao coordenador, Jussielson Gonçalves Silva, que ele deveria ficar tranquilo em relação a um pedido de informações da PF que foi feito em fevereiro deste ano, semanas antes da deflagração de uma operação que prendeu Jussielson. Xavier diz que conversaria com corregedores da corporação sobre o caso, e garantiu que o subordinado tinha “sustentação” da presidência do órgão.
Ficções
Segundo a Funai, Xavier também pediu que, caso a PF opte por não abrir uma investigação, apresente uma justificativa plausível para deixar de fazê-lo “sob pena de prevaricação”. A fundação critica a cobertura de reportagens sobre o caso. “Foram veiculados áudios descontextualizados e documentos técnicos, produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, com imputações e afirmações de cunho subjetivo, bastante graves e incabíveis, notadamente por não representar a realidade do conjunto interpretado”, diz a Funai, em nota oficial. “São ficções, baseada em ilações, conjecturas e elucubrações que estão dissociadas do dever de veracidade, com juízo valorativo e descrição sobre o potencial envolvimento do presidente da Funai em atividade ilegal, o que, além de leviano, causou danos morais e materiais aos gestores e à própria fundação.”
Repercussão midiática
A nota também sugere que os próprios documentos enviados pela PF à Justiça Federal teriam sido utilizados de forma descontextualizada no processo, com a intenção de provocar repercussão midiática. “Curiosamente, houve o esquecimento do dever de análise do conjunto probatório, o qual, inclusive, foi objeto de posterior avaliação pelo Ministério Público Federal, ocasião em que foram refutadas as afirmações de cunho subjetivo, mas, evidentemente, tiveram o potencial de causar dano”, diz a Funai.
“Por fim, o presidente da Funai reforça seu compromisso com a veracidade dos fatos, com a lisura e com a transparência, o que recomenda que seja seguido por outras instituições, a fim de que o momento político não permita atitudes temerárias e estratégias espúrias como motejo para constranger gestores públicos. A exposição indevida, lançada de forma irresponsável, ainda que indenizável, jamais será recomposta no âmbito familiar e social”, conclui a nota. As informações são da revista Veja e da Funai.