Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2023
A avaliação foi feita durante entrevista em Dubai, nos Emirados Árabes, onde Prates participa das discussões da COP-28.
Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilO presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sustentou que a decisão de alterar o estatuto da empresa, reduzindo as restrições para indicações a cargos de alto escalão, não foi tomada com o desejo de “contaminar” a estatal com interesses políticos.
A avaliação foi feita durante entrevista em Dubai, nos Emirados Árabes, onde Prates participa das discussões da 28.ª Conferência de Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-28.
“Em absolutamente nenhum momento houve o desejo de contaminar a Petrobras com interesse político, colocando gente lá por conta dessas mudanças. Eu achei a votação extemporânea, mas o conselho de administração (da Petrobras), por maioria, decidiu votar”, afirmou Prates.
Em assembleia extraordinária realizada esta semana, foi aprovada a proposta de retirar do artigo 21 do estatuto da Petrobras as vedações previstas pela Lei das Estatais – sancionada em 2016, durante a gestão de Michel Temer, como medida para evitar o loteamento político das empresas públicas e a repetição dos escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. O texto atual desse artigo 21 foi incluído no estatuto da Petrobras em 2017.
Para sustentar a proposta de mudança, o conselho de administração da estatal informou ter seguido liminar de abril passado, do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que derrubou trechos da Lei da Estatais. O mérito da questão ainda será analisado pelo plenário do STF.
A mudança no estatuto foi aprovada por 54,98% dos votos, sendo que a União detém 50,26% do capital votante da estatal. Contra as alterações, ficaram 31,96% dos acionistas, enquanto outros 13,06% preferiram se abster.
Prates afirmou, porém, que isso não significaria mudanças nos critérios para a indicação a cargos de diretoria, visto que, mesmo sem a presença das regras no estatuto, a Petrobras permanece obrigada a seguir as determinações expressas na Lei das Estatais.
“Não faz diferença nenhuma, então, para que votar aquilo? Deu uma confusão danada, porque todo mundo interpretou como se fosse uma ingerência política, quando, na verdade, você só está tirando um artigo que repete a lei. Só causou celeuma”, acrescentou Prates.
A proposta votada nesta semana na assembleia foi definida, em outubro, pelo conselho de administração da Petrobras. Enquanto que nesta reunião de outubro, Prates se absteve de votar. A alteração, porém, ainda não tem valor legal. Isso se deve ao fato de a assembleia ocorrer um dia depois de o Tribunal de Contas da União (TCU) barrar, por meio de medida cautelar, mudanças no estatuto que facilitassem indicações de nomes a cargos de alto escalão com indícios de conflito de interesse.
Na decisão tomada pelo ministro Jorge Oliveira, o TCU exigiu que a Petrobras não registre a aprovação das mudanças na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro até que o assunto seja discutido em plenário pelo tribunal.
O TCU apura irregularidades na elaboração da proposta apresentada aos acionistas. Conforme a Corte, a mudança ocorreu “sem que houvesse o concurso de parecer jurídico ou manifestação de área técnica da companhia”.
“Nós, por precaução, vamos pedir para não registrar aquilo conforme a decisão do TCU. Se o tribunal autorizar, a gente registra”, afirmou Prates.