Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2022
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na tarde desta sexta-feira (24) ações que seu governo está tomando para proteger as mulheres que enfrentarão as consequências da decisão da Suprema Corte de revogar o direito das americanas ao aborto.
Em comunicado, a Casa Branca explicou que o democrata orientou a Secretaria de Saúde para garantir o acesso das mulheres à pílula abortiva e medicamentos especiais para cuidados da saúde reprodutiva, aprovados pela agência reguladora dos EUA, a Food and Drug Administration (FDA).
Biden fez um duro discurso nesta sexta-feira (24) criticando a decisão da Suprema Corte de revogar o direito das mulheres a fazer um aborto e chamou a medida de “erro trágico” movido por uma “ideologia extrema”.
O mandatário, que estava visivelmente irritado, também cobrou que o Congresso crie uma lei federal sobre o tema.
“Hoje, a Suprema Corte dos Estados Unidos tirou expressamente do povo norte-americano o direito constitucional que já era reconhecido. Eles não limitaram a lei. Eles simplesmente tiraram direitos. Isso nunca foi feito para um direito tão importante para tantos norte-americanos, mas eles fizeram isso. É um erro trágico. Um dia triste para o nosso país”, disse Biden.
“O Supremo estabeleceu leis estaduais que criminalizam o aborto que remontam a 1800 como lógica racional. A Corte levou os Estados Unidos de volta em 150 anos”, pontuou ainda.
O presidente lembrou que desde 1973, quando o Supremo havia decidido de maneira favorável ao caso Roe v Wade, foram cinco décadas de líderes republicanos e democratas que sempre respeitaram a decisão e que hoje “a maioria dos cidadãos do país” cresceu nessa legislação e sempre “a achou aceitável”.
Ainda citando os ex-presidentes – lembrando que a lei entrou em vigor na época do governo republicano de Richard Nixon -, Biden fez duras críticas ao seu antecessor, Donald Trump, que indicou três dos atuais juízes do Supremo e que desequilibrou a Justiça no país.
“Os três juízes indicados pelo presidente Trump derrubaram a lei que protegia as mulheres. Isso é ideologia extrema, a Corte fez algo que nunca fez antes. E essa decisão vai ter consequências imediatas. As leis estaduais que proíbem o aborto vão entrar em vigor hoje”, acrescentou.
Biden afirmou que “as mulheres podem ser punidas por proteger suas próprias saúdes” e os “médicos vão ser condenados por fazer seu dever e proteger a saúde das suas pacientes”.
“Mulheres vão ter que carregar crianças, filhos, que são frutos de estupro. Isso me deixa estarrecido. Mulheres vão ter que carregar crianças que são alvo de incesto, isso é cruel. É um dia muito triste para o país, não significa que a luta terminou, a gente vai continuar a lutar”, acrescentou ainda.
Assim como quando um rascunho da decisão havia sido vazado, Biden alertou que a medida pode afetar todos os direitos civis do país que foram autorizados mediante ao “direito da privacidade”, como a questão de “casar com quem você ama, do casal planejar quais métodos contraceptivos usar, e de poder criar seus filhos da maneira que deseja”.
Ao Congresso, Biden cobrou que o direito da mulher interromper a gravidez no início vire uma lei federal. “Mas, o problema é que o atual congresso não pode fazer isso hoje. Por isso, os eleitores precisam eleger representantes que possam debater e restaurar esse direito nas eleições de meio de mandato que vamos ter em novembro”, acrescentou ainda.
O mandatário ainda pontuou que fará “tudo o que estiver ao seu alcance” para garantir os direitos das mulheres que quiserem fazer o procedimento nos estados que têm legislações favoráveis à prática e que vai lutar contra “qualquer legislação” que tente impedir o trânsito delas entre os estados.
Segundo a mídia norte-americana, governos conservadores estaduais estudam formas de proibir o direito das mulheres de viajar para outros estados.
Biden ainda pediu que as manifestações contra a decisão sejam “pacíficas”, mesmo entendendo a frustração de muitos norte-americanos.
“Essa decisão não será a palavra final. Vamos fazer todo o possível para ajudar as mulheres, mas o congresso precisa agir. Isso não acaba aqui”, finalizou. As informações são da agência de notícias Ansa.