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Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2017
Durante muito tempo, as ondas gravitacionais foram um dos maiores mistérios da ciência. Albert Einstein estava certo de que existiam, e as ondas gravitacionais (nome criado por ele, por sinal) foram uma das bases de sua Teoria Geral da Relatividade, uma das postulações mais revolucionárias da história da ciência.
E, na última quarta-feira, o EGO (Observatório Europeu de Gravidade), em Cascina, na Itália, anunciou a detecção de ondas com massa cerca de 53 vezes maior que o Sol.
As ondas, geradas pela fusão de dois buracos negros gigantes, foram captadas em agosto, geradas a uma distância de 1,8 bilhão de anos-luz.
Foi apenas a quarta vez que astrônomos detectaram as ondas, a primeira fora dos EUA. Mais precisamente pelo Virgo, equipamento subterrâneo situado nas cercanias da cidade italiana de Pisa.
As três detecções anteriores foram obtidas pelo Observatório Gravitacional de Interferometria Laser (Ligo), em Hanford, no Estado americano de Washington.
Sheila Rowan, astrofísica da Universidade de Glasgow, na Escócia, afirmou à BBC que os registros estão permitindo aos cientistas uma nova compreensão dos buracos negros.
Os buracos negros se formam no final da vida de supernovas – estrelas de grande massa que implodem e geram um campo magnético tão forte que absorve até a luz.
Ondas gravitacionais
Segundo Einstein, todos os corpos em movimento no espaço se fundem à malha do espaço e geram ondas, como as formadas quando uma pedra cai em um rio. Sua detecção é considerada um dos maiores avanços da física nas últimas décadas.
Perceber as distorções no tempo-espaço representa uma mudança fundamental no estudo do universo, pois permite observar eventos passados invisíveis a radiotelescópios ou telescópios.
Enquanto a luz se dispersa ao atravessar meios distintos – como ocorre, por exemplo, quando chove e se forma um arco-íris –, isso não ocorre com as ondas gravitacionais.
Isso permite a cientistas ter maior ideia do que ocorreu com estrelas situadas a milhões ou bilhões de anos-luz de nosso planeta.
Brasil na descoberta
Dois grupos de pesquisadores brasileiros participam oficialmente da Colaboração Científica LIGO. Um deles é da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, em São Paulo, e conta com a participação de Prof. Dr. Odylio Denys Aguiar, Dr. César Augusto Costa, Dr. Márcio Constâncio Jr, Me. Elvis Camilo Ferreira, Allan Douglas dos Santos Silva e Marcos André Okada.
A equipe do INPE aperfeiçoa a instrumentação de isolamento vibracional e térmica do LIGO, na sua futura operação com espelho resfriados, cujo objetivo é aumentar a sensibilidade dos detectores a fim de observar mais fontes de ondas gravitacionais. O grupo também trabalha na caracterização dos detectores, tentando determinar as fontes de ruído e minimizando seus efeitos nos dados coletados, permitindo que os sinais das ondas fortes sejam mais fáceis de localizar.
O segundo grupo brasileiro é do Instituto Internacional de Física, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, no Rio Grande do Norte. Liderados pelo Prof. Dr. Riccardo Sturani, os cientistas fazem a modelagem e a análise de dados na busca de sinais emitidos pelos sistemas de objetos astrofísicos em coalescência, dos tipos detectados pelo LIGO.