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Tito Guarniere Primeiro de maio bolsonarista

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(Foto: Reprodução)

No dia 1º de Maio, em Florianópolis, os bolsonaristas fizeram uma carreata na Avenida Beira-Mar Norte, segundo os jornais locais com cerca de 200 veículos de manhã e mais 500 de tarde, com bandeiras do Brasil, camisas amarelas da seleção de futebol, buzinaços e palavras de ordem contra o distanciamento social e de apoio a Bolsonaro. Houve concentrações iguais nas principais cidades do país.

As centrais sindicais, as esquerdas, os atores tradicionais do 1º de Maio, quase desapareceram das ruas do Brasil na data festiva, dando lugar a milhares de manifestantes que trocaram o descanso, o convívio familiar no sábado de sol, para protestar contra o STF e o Congresso Nacional. Sobrou também para os governos estaduais e municipais que adotam medidas de contenção e de fechamento das atividades econômicas, como forma de reduzir o contágio pelo coronavírus.

Possivelmente a maioria era de comerciantes e pessoas bem situados – a julgar pelos veículos dos participantes. Mas isso não desmerece o ato. Nas democracias todas as classes sociais, as correntes de pensamento, os movimentos sociais têm o direito de expressar as suas demandas em praça pública, nas ruas das cidades, com a única condição de que o façam de forma ordeira e pacífica – como foi em Florianópolis.

Sim, há controvérsias. Como tanta gente pode comparecer às ruas para reclamar do isolamento social que, à exceção da vacina, é a forma mais eficaz de combate à doença? Todo evento público, toda a aglomeração agora, com três mil mortos por dia, é uma questão de saúde pública. O direito de livre expressão não alcança o de gritar “fogo” em um teatro lotado.

É preciso uma dose sobrenatural de cegueira e fanatismo político para livrar a cara de Bolsonaro diante da tragédia que nos acomete. Não faz nenhum sentido, é uma contradição insanável, que qualquer cidadão possa atribuir (ao menos) parte da culpa ao presidente na carestia, no desemprego, na baixa qualidade dos serviços públicos e em tanta coisa mais, mas defender e acreditar que ele nada tem a ver com as 400 mil cruzes cravadas nos cemitérios do país.

E no entanto, manifestantes ruidosos, cheios de soberba e razão (como quase todos os ativistas e militantes) estão no exercício pleno dos seus direitos, não são menos cidadãos do que nós outros. A livre manifestação do povo não é legítima apenas quando coincide com os nossos valores e as nossas crenças. “A liberdade é sempre a liberdade de quem pensa diferente”. (Rosa Luxemburgo, ativista alemã do socialismo).

O fato é que os bolsonaristas exibiram, no Dia do Trabalho, um fôlego surpreendente, a força e a musculatura de quem está vivo e forte. Os democratas, as esquerdas devem prestar atenção ao fenômeno, devem fazer bem mais do que reagir com desdém, com a petulância dos que se consideram moralmente superiores.

Deste lado do embate, é hora de manter a denúncia diuturna, enérgica e sem trégua dos desmandos, dos descaminhos em curso, tendo em conta que, em meio às multidões bolsonaristas, com toda a certeza, nem todos são trogloditas de má-fé.

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