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Rio Grande do Sul Primeiro dia de julgamento dos réus da boate Kiss tem duas sobreviventes. Ex-funcionária relata falhas na prevenção de incêndios

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Kátia Giane Pacheco Siqueira foi a primeira testemunha ouvida no julgamento

Foto: Reprodução/Twitter
Foram ouvidas nesta quarta-feira uma funcionária e uma cliente da casa noturna. (Foto: Juliano Verardi/TJ-RS)

Funcionária da boate Kiss quando o estabelecimento de Santa Maria (Região Central) pegou fogo, Kátia Giane Pacheco Siqueira foi a primeira testemunha a ser ouvida nesta quarta-feira (1º), primeiro dia de julgamento dos réus pelo incêndio. Ela disse não ter recebido treinamento para usar extintores e que a casa trabalhava com a ideia de “quanto mais gente, melhor”.

Foram mais de quatro horas de depoimento no Fórum Central de Porto Alegre. A mulher, que trabalhava na cozinha e no bar da casa noturna, teve 40% do corpo queimado e chegou a ficar 21 dias desacordada. Depois passou por cinco cirurgias para enxerto de pele, além de sessões de fisioterapia, tratamento psicológico e psiquiátrico.

“Quando me perguntavam o que eram as queimaduras no braço, eu dizia que tinha sido apenas um acidente. Só queria esquecer o que aconteceu”. Hoje grávida de uma menina, Kátia também frisou que ainda se incomoda em recordar do fatos. “Minha filha está sentindo todo o sofrimento que estou revivendo. Estou mais preocupada com ela do que comigo”.

Durante o seu depoimento, Kátia confirmou que a boate estava lotada na noite da tragédia. E que a orientação dos donos da boate em todas as festas era de que as pessoas só pudessem sair após pagar a comanda, o que aumentava as dificuldades em sair do local: “Aquilo era um labirinto. Eu mesma trabalhava lá e quase não consegui sair”.

Kátia revelou que havia uma barra de contenção na boate, e as pessoas da frente eram esmagadas, empurradas pelas que vinham atrás. Mencionou, ainda, ter visto pessoas indo em direção ao banheiro e que tentou avisar a elas que a saída – única – era do outro lado.

Questionada pelo promotor de Justiça David Medina da Silva, a depoente disse não lembrar se havia extintores disponíveis na cozinha da Kiss. Depois relatou que a Kiss contava com barras de ferro por todo o seu interior, a fim de fazer a divisão dos setores, inclusive na saída. Também havia luzes de emergência, que não lembra se indicavam a saída.

Integrantes do Ministério Público (MP) utilizaram uma maquete digital em três dimensões, no computador, onde a vítima pode detalhar sobre ambientes e fatos ocorridos em cada setor da boate Kiss naquela noite. Também lançaram mão de fotografias e vídeos.

Segundo depoimento

Já a segunda pessoa a prestar depoimento foi Kellen Giovana Leite Ferreira, 28 anos, que estava na noite da tragédia estava no interior da boate Kiss como cliente.

A exemplo da ex-funcionária do estabelecimento, ela respondeu a questionamentos da acusação (promotores) e defesa (advogados) dos quatro acusados – os sócios Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, mais os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão (banda Gurizada Fandangueira).

Bonilha, por sinal, protagonizou um dos momentos mais tensos do primeiro dia de julgamento: logo após ingressar na sede do Fórum, no bairro Praia de Belas, ele chorou de forma compulsiva e gritou: “Eu não sou assassino!”. Com um pico de pressão alta, acabou recebendo atendimento médico mas foi liberado para participar da sessão.

A depoente também teve a saúde afetada pelo incêndio: permaneceu internada durante quase 80 dias, com 18% do corpo queimado e a amputação de um pé, sem contar as sequelas psicológicas.

Nesta quinta-feira (2), a retomada da sessão do júri está prevista para as 9h. Ao longo da manhã e tarde, devem ser ouvidos outros cinco sobreviventes. Ainda não há previsão de encerramento e decisão final dos jurados, o que poderá ocorrer somente no final da semana que vem.

(Marcello Campos)

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