Terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2015
Nas últimas eleições, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou à Justiça Eleitoral possuir 1,6 milhão de reais em bens. Denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer obrigá-lo a devolver 277 milhões de reais aos cofres públicos – quantia apontada como somatório da propina recebida pelo peemedebista, mais multa pelos danos causados à Petrobras e à administração pública.
Na frieza dos números, a discrepância é evidente: a conta não fecha, e Cunha e Janot poderão travar uma batalha “matemática” se o STF (Supremo Tribunal Federal) aceitar a denúncia.
Apesar de seu patrimônio ter aumentado em 214% entre 2002 e 2014, Cunha declarou à Justiça ter bens que correspondem a menos de 0,6% dos 277 milhões de reais. Ou seja, valor que o peemedebista terá de restituir à Justiça, caso seja condenado, representa mais de 173 vezes o seu patrimônio.
Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro, o parlamentar nega as acusações de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras e diz ter sido “escolhido” como alvo da Operação Lava-Jato.
As investigações indicam que Cunha recebeu 17,3 milhões de reais em propina entre 2006 e 2007, após o fechamento de contratos entre a Petrobras e a Samsung Heavy Industries, empresa coreana. O valor do suborno apontado pela Justiça é quase 11 vezes mais do que o total de bens declarado pelo deputado à Justiça Eleitoral.
Os dados disponíveis no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indicam que a maior parte do patrimônio vem das ações da empresa C3 Participações Artísticas e Jornalísticas, no valor de 840 mil reais. A compra de três escritórios no Centro do Rio, declarada pela primeira vez nas eleições de 2006, constitui a segunda maior fatia do patrimônio de Cunha: 335 mil reais. Uma sala de 90 metros quadrados no prédio em que o peemedebista despacha no Rio custa atualmente pelo menos 900 mil reais.