Segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2018
Em 2019, nenhum canudo, talher ou copo de plástico descartável será permitido na ilha de Fernando de Noronha. Um decreto assinado na quarta-feira (12) por Guilherme Rocha, administrador geral do distrito estadual de Fernando de Noronha, proíbe a entrada, a venda e o uso desses itens. Sacolas plásticas e isopor descartável também entraram na lista. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
As exceções são as garrafas plásticas com capacidade maior do que 500 ml, caixas de isopor que podem ser reutilizadas para transporte e o filme plástico que embala alimentos (como frios em supermercados).
Sacos de lixo também não entraram na lista dos itens proibidos porque, segundo Rocha, não é fácil encontrar o saco de material sustentável do tradicional nem diferenciar um tipo do outro para fins de fiscalização.
A medida entrará em vigor em abril de 2019, para que haja um período de adaptação. Segundo Rocha, será elaborado um plano de ação para orientar moradores, turistas e empresários.
“Primeiro pensamos em proibir o canudo de plástico. Então por que então não proibir tudo? Começamos a elaborar o decreto neste ano, e desde outubro me aproximei de Bruno Gagliasso [ator que tem uma pousada na ilha], que me indicou a Fernanda Cortez, da plataforma Menos 1 Lixo, que virou parceira desse projeto. Ouvimos também o conselho distrital da ilha e os estabelecimentos comerciais, que deram apoio à iniciativa.”
Segundo Rocha, o lixo ainda é um problema na ilha. A Folha de S.Paulo noticiou no passado o acúmulo de dejetos em um terreno entre a praia da Cacimba do Padre e o aeroporto. Oficialmente o local funcionava como usina de compostagem, mas na prática era um lixão.
Rocha afirma que hoje o local é uma usina de tratamento de resíduos sólidos como parte de um TAC (termo de ajustamento de conduta) com o Ministério Público, mas a ilha ainda não consegue reciclar mais do que 30% do lixo que produz. O lixo restante é enviado ao Recife.
“Melhorar essa taxa é o próximo passo. Queremos transformar Noronha em modelo de gestão sustentável.”
O arquipélago
Fernando de Noronha é um arquipélago brasileiro do Estado de Pernambuco. Formado por 21 ilhas, ilhotas e rochedos de origem vulcânica, ocupa uma área total de 26 km² – dos quais 17 km² são da ilha principal – e se situa no Oceano Atlântico, distante 360 km a nordeste de Natal, no Rio Grande do Norte, e 545 km a nordeste da capital pernambucana, Recife.
Avistada pela primeira vez entre 1500 e 1502, tem sua descoberta atribuída a uma expedição comandada pelo explorador Fernão de Loronha, embora haja controvérsias; porém é certo que o primeiro a descrevê-la foi Américo Vespúcio, em expedição realizada entre 1503 e 1504. Primeira capitania hereditária do Brasil, o arquipélago sofreu constantes invasões de ingleses, franceses e holandeses entre os séculos XVI e XVIII. Em 24 de setembro de 1700, Fernando de Noronha tornou-se, por carta régia, dependência de Pernambuco, capitania com a qual já tinha uma ligação histórica. Em 1736 a ilha foi invadida pela Companhia Francesa das Índias Orientais, passando-se a chamar Isle Dauphine, porém, no ano seguinte, uma expedição enviada pelo Recife expulsou os franceses. Em 1942, com a Segunda Guerra Mundial, o arquipélago tornou-se território federal, cuja sigla era FN, passando a servir como base avançada de guerra; mas voltou à administração pernambucana quatro décadas e meia depois, no ano de 1988. Atualmente Fernando de Noronha constitui um distrito estadual de Pernambuco, e é gerida por um administrador-geral designado pelo governo do Estado.
Após uma campanha liderada pelo ambientalista José Truda Palazzo Júnior, em 14 de outubro de 1988 a maior parte do arquipélago foi declarada Parque Nacional, com cerca de 11,270 ha, para a proteção das espécies endêmicas lá existentes e da área de concentração dos golfinhos rotadores (Stenella longirostris), que se reúnem diariamente na Baía dos Golfinhos – o lugar de observação mais regular da espécie em todo o planeta. No ano de 2001 a UNESCO declarou Fernando de Noronha Patrimônio Natural da Humanidade.
O centro comercial de Fernando de Noronha é o núcleo urbano de Vila dos Remédios, que não é considerada capital por ser a ilha um distrito estadual. A administração do Parque Nacional está atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).