Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de dezembro de 2021
Um professor de música de Jaguaruna, no Sul catarinense, criou um método para ensinar alunos surdos a tocarem um instrumento de percussão junto com outros alunos que são ouvintes.
Segundo Roberto Vargas, a técnica é inédita e ele pretende amplia-la para outros tipos de instrumentos.
“No nosso país já existe musicalização pra surdos? Sim, porém o surdo só tocava sozinho ou com outros surdos. Não tinha nenhum material acadêmico que dissesse que isso era possível ou um método de regência que a gente pudesse fazer com que isso acontecesse. Então eu busquei juntar três técnicas, que foi a regência espelhada, em que eu me basei e fiz a adaptação pra atender as necessidades dos surdos, a partitura mais a vibração”, explica.
O primeiro passo, segundo ele, é fazer com que os estudantes surdos aprendam a tocar cajón, um instrumento de percussão, através da vibração.
Em seguida, os alunos aprendem a ler a partitura da música. Com os dois conhecimentos adquiridos, o professor então elabora um vídeo onde em uma parte da tela, mostra a partitura da música e no outro, ele demonstra a força e o tempo das batidas com expressões corporais.
Uma das alunas do projeto social, Evellyn Matheus dos Reis, de 14 anos, afirma que o método a ajudou a se sentir incluída.
“Eu me sinto emocionada, porque o professor fica ali ensinando, eu fico copiando as batidas no cajon”, afirma. Além dela, Roberto ensina música para Ana Paula dos Santos Silva, de 15 anos, e para Déberson Kruger Anhaia, de 18 anos, que é seu cunhado.
Motivação
“O que me motivou foi quando a professora de libras disse para mim que tinha uma alta taxa de surdos que estavam depressivos, por não ter o que fazer. Então nesse momento eu comecei a tentar buscar algum método que eu conseguisse incluir essas crianças musicalmente”, relembra.
Roberto conta que mudou sua maneira de pensar após passar a conviver mais com o cunhado, Deberson Kruger Anhaia, que possui problemas auditivos.
“E quando eu comecei a ver o mundo que ele vivia, que era o mundo dele, que ele não conseguia fazer nada, se aproximar de nada… acho que isso foi o start”, disse.
A intenção do Roberto é fazer com que o método dele chegue mais longe e se torne um aplicativo.
“É um sonho, é um sonho. Se puder fazer mais pessoas, mais deficientes conseguirem tocar e conseguirem executar um instrumento, eu acho que o trabalho já vai ter sido abençoado”, finaliza.