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Cultura Professora que emocionou Lázaro Ramos e o fez chorar na Flip diz que falou a seus antepassados

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Diva Guimarães também abordou falta de negros na plateia. (Foto: Reprodução)

Diva Guimarães, a professora aposentada de 77 anos que fez jus ao nome e roubou a cena na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ao emocionar e fazer chorar o ator Lázaro Ramos, disse que quis “falar aos antepassados”. Neste sábado (29), ela falou sobre o seu comovente discurso.

“Como que o Brasil é conhecido lá fora? Não é somente pelo traseiro das negras, mas principalmente. Nós não somos esse país, os negros não são isso. A gente tem força. Falei exclusivamente para os meus antepassados, à minha mãe”, contou Diva.

“Eu a enxergava uma mulher imensa. Faz cinco anos que descobri pela fotografia que minha mãe era baixinha, minha mãe tinha um metro e quarenta e oito, mas para mim era enorme”, afirmou ela.

A mesa “Pele que habito”, em que Diva discursou, ocorreu na sexta-feira (28) com a participação de Lázaro Ramos e a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques. A escritora mineira Conceição Evaristo também estava presente. Em dado momento, encerrada a primeira parte do debate, a professora aposentada, que estava na plateia, pegou o microfone. Nascida no interior do Paraná e neta de escravos, Diva relatou uma vida de dificuldades impostas pelo preconceito.

“As pessoas não têm noção do quanto é doloroso ser sentenciado só por ter a tez mais escura. Vejo que as pessoas não se escutam mais. Quando estão incomodadas, começam a criar argumentos para silenciar os outros. Não devemos dar respostas, as perguntas que estabelecem o diálogo devem vir à frente”, disse Lázaro.

No vídeo ela relata situações em que ouviu histórias que faziam crer que os negros eram preguiçosos e os brancos mais inteligentes. “Existia um rio, aquele maldito rio ‘abençoado por Jesus’, diziam as freiras, em que os brancos se banharam primeiro e os negros, por serem preguiçosos, entraram por último, para tomar banho. Era isso o que as freiras contavam pra gente, para explicar a diferença da cor da pele entre brancos e negros”, contou.

Também chamou a atenção para a maioria branca na plateia e a necessidade de estudar. Relatou também o papel da mãe em seus estudos. “Eu não queria mais estudar, e a minha mãe me dizia: ‘Olhe bem para a sua mãe. Quer acabar assim, como eu?'”. Segundo Diva, ao ouvir isso, pegava os cadernos e corria para a escola.

Lázaro Ramos, emocionado, brincou. “Quer matar a gente, dona Diva?”. E falou sobre educação. “A senhora quer matar a gente”, disse Ramos, chorando. “A senhora falou uma coisa muito importante: precisamos investir em educação pública de qualidade”, completou.

Diva, que vive em Curitiba, também falou das dificuldades e do racismo presente no Sul. Lembrou que há coisas boas, mas que as pessoas “acham que a cidade é europeia”, mas que não sabem como é para os negros, para quem é da periferia. (Com AG)

 

 

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