Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de dezembro de 2021
Novos dados do Reino Unido sugerem que a proteção obtida com as doses de reforço contra a Covid-19 sintomática causada pela variante Ômicron diminui em cerca de dez semanas.
Ainda não houve um número suficiente de casos graves da Ômicron para que os pesquisadores possam calcular o potencial de proteção do reforço contra os desdobramentos mais severos da doença, porém os especialistas acreditam que a dose extra ainda continuará sendo uma significativa aliada contra hospitalização e morte.
“Levará algumas semanas até que a eficácia contra formas graves da Ômicron possa ser estimada”, observou o novo relatório, da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido “No entanto, com base na experiência com variantes anteriores, é provável que seja substancialmente maior do que as estimativas contra doenças sintomáticas.”
Pandemia em 2022
Este fim de ano será decisivo para saber o tamanho do estrago que a Ômicron causará. Mas é fato que 2022 começará como 2021: à espera de vacinas. Desta vez, do reforço delas, como defesa contra a nova variante do coronavírus. Quem não tem ainda as duas doses deve correr para tomar. Quem já tomou, como pouco mais de 65% dos brasileiros, precisa ficar atento para a data da terceira.
Também é consenso que grandes eventos com aglomerações, como réveillon e carnaval, serão festa para o vírus e podem acentuar e prolongar a pandemia. Devem ser evitados, recomendam os especialistas. Máscara, distanciamento social e higiene continuam aliados valiosos para se manter longe da covid e, agora, também da gripe.
Velocidade assombrosa – É uma certeza que a Ômicron se espalha de forma espantosamente rápida. Ela já está em 77 países e deve se tornar dominante na Dinamarca em dias. Na Noruega, com apenas 5,3 milhões de habitantes, são projetados 100 mil casos/dia até o fim de janeiro, se medidas de distanciamento social não forem tomadas. O número de casos em território dinamarquês dobrou em uma semana. “O que vemos é extraordinário”, escreveu na Science Troels Lillebæk, da Universidade de Copenhague.
Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração, ligado à Universidade de São Paulo (USP), sintetizou o que se sabe até o momento. Em palestra no evento “Estratégias para o enfrentamento das variantes do Sars-CoV-2”, promovido pela Academia Nacional de Medicina, a Academia Brasileira de Ciências e a Rede Vírus do MCTI, Kalil ressaltou que a cepa Ômicron escapa ao menos parcialmente do sistema imunológico, provoca reinfecção e reduz a potência das vacinas atuais.
Porém, completou ele no evento, doses de reforço das vacinas conseguem aumentar o número de anticorpos neutralizantes e são importantíssimas. Aparentemente, a Ômicron causa doença mais moderada na maioria das pessoas, mas isso não é desculpa para a complacência.