Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2025
Os protestos contra as políticas migratórias do presidente Donald Trump nos Estados Unidos têm se espalhado pelo país, à medida que o republicano intensifica sua resposta para conter as mobilizações que eclodiram em Los Angeles desde a última sexta-feira. Agora, focos de atos pró-imigração começaram a ocorrer contra a atuação dos Serviços de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) em Nova York, São Francisco, Chicago e Washington, com a polícia entrando em confronto com manifestantes em Dallas e Austin na noite de segunda-feira.
Trump mobilizou 700 fuzileiros navais — que chegaram a Los Angeles na terça-feira — e mais de 4 mil membros da Guarda Nacional para proteger prédios federais na cidade. A mobilização ocorreu após a cidade registrar a quarta noite consecutiva de confrontos entre a polícia e manifestantes, embora os casos sejam apontados por autoridades locais como isolados. Ainda assim, nesta terça-feira o republicano afirmou que, se não tivesse enviado tropas, Los Angeles já estaria “completamente queimada”, comparando a situação aos incêndios florestais que devastaram a região no início do ano.
A polícia de Los Angeles iniciou “prisões em massa” depois que um toque de recolher entrou em vigor em parte do centro da cidade, segundo a rede americana CNN. O número de detenções passa de 380 pessoas nos últimos quatro dias — incluindo quase 200 prisões apenas na terça-feira — de acordo com o chefe de polícia, Jim McDonnell.
O Pentágono afirmou na terça-feira que o envio de membros da Guarda Nacional e de fuzileiros navais para protestos contra operações de imigração em Los Angeles está custando ao país US$ 134 milhões. O anúncio foi feito após questionamentos persistentes de parlamentares ao secretário de Defesa Pete Hegseth. Ele recorreu à controladora interina, Bryn Woollacott MacDonnell, que forneceu o valor total e disse que o dinheiro virá dos fundos de operações e manutenção.
“[O Departamento de Defesa] terá o financiamento para cobrir contingências, especialmente aquelas tão importantes quanto manter a lei e a ordem em uma grande cidade americana”, disse ele.
A administração Trump argumenta que a situação em Los Angeles está fora de controle e que forças federais são necessárias para apoiar os agentes de imigração e restaurar a ordem: em um discurso em uma base militar na Carolina do Norte, na terça-feira, Trump criticou as autoridades californianas, disse que foi o responsável pelo “apaziguamento” da cidade, e disse que os manifestantes nas ruas foram pagos pelas próprias autoridades locais “para dar continuidade a uma invasão estrangeira”. Como esperado, ele não forneceu provas que comprovassem suas alegações.
“Não permitiremos que uma cidade americana seja invadida e conquistada por um inimigo estrangeiro”, disse Trump a militares e apoiadores. “O que vocês estão testemunhando na Califórnia é um ataque em larga escala à paz, à ordem pública e à soberania nacional, perpetrado por manifestantes agitando bandeiras estrangeiras com a intenção de continuar uma invasão estrangeira ao nosso país.”
A Califórnia, contudo, não concorda com os planos de Trump para o estado. O governador, o democrata Gavin Newson, anunciou na segunda-feira um processo alegando inconstitucionalidade no envio das tropas. Trump, por sua vez, sugeriu que Newsom — amplamente visto como possível candidato presidencial em 2028 — poderia ser preso se interferisse nas operações federais.
A legislação americana geralmente proíbe o uso das forças armadas ativas (Exército, Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais) para ações de aplicação da lei doméstica. O impasse em Los Angeles representa a primeira vez desde 1965 que um presidente envia tropas da Guarda Nacional para uma cidade americana sem a aprovação de um governador.
“Desdobrar mais de 4 mil militares federalizados para reprimir um protesto ou prevenir futuros protestos, apesar da falta de evidências de que a polícia local era incapaz de manter o controle e garantir a segurança pública durante tais protestos” é inconstitucional, segundo o processo, ecoando uma crítica que foi reproduzida pelo governador também nas redes sociais.
Em publicação no X, Newsom chamou a decisão de enviar os fuzileiros de “antiamericana” e disse que a mobilização da Guarda Nacional foi “imprudente” e “inútil”.
Na terça-feira, o estado entrou com uma nova ação judicial, em caráter de urgência, para que as tropas sejam impedidas de exercer funções de aplicação da lei, incluindo a participação em operações para prender imigrantes em situação irregular e manifestantes, como chegou a sugerir no fim de semana a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
Segundo os advogados do Estado, a ordem “impedirá o uso da Guarda Nacional federalizada e de fuzileiros navais da ativa para fins de aplicação da lei nas ruas de uma cidade civil”, ao mesmo tempo em que não apresentam objeções ao emprego dos militares para a proteção de prédios e funcionários do governo federal.
“[As autoridades federais] pretendem usar tropas da Guarda Nacional e fuzileiros navais ilegalmente federalizados para acompanhar agentes federais de imigração em incursões por toda Los Angeles”, diz o pedido. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.