Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2022
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condecorou a 64ª Brigada Independente de Fuzileiros Motorizados com o título de “Guardas” nesta segunda-feira (18), repercute a mídia russa. O grupo é considerado o responsável pelo massacre de centenas de civis na cidade ucraniana de Bucha.
No decreto publicado, o mandatário elogia os militares por seu “heroísmo e tenacidade, determinação e coragem” do grupo e de terem “protegido a pátria e os interesses do Estado”. O grupo dominou por mais de 30 dias a cidade que fica a cerca de 25 quilômetros de Kiev e que voltou para as mãos dos ucranianos em 1º de abril.
Desde que as tropas oficiais voltaram para o local, foi revelado um cenário de horror, com corpos de civis largados nas ruas, valas comuns com dezenas de corpos e denúncias de estupros de mulheres e crianças. Muitos dos corpos estavam com sinais de tortura, foram mortos com as mãos amarradas ou estavam mutilados ou queimados.
Putin nega as acusações e diz que as tropas russas não mataram civis na Ucrânia, além de acusar Kiev de montar um “cenário falso” na cidade para causar comoção na comunidade internacional.
Na última semana, membros do Tribunal Penal Internacional (TPI) foram a Bucha para realizar investigações sobre as denúncias ucranianas e apontou indícios de crimes de guerra. Segundo a última atualização oficial, publicada em 12 de abril, 403 corpos de civis foram encontrados.
Já nesta segunda-feira (18), o prefeito da cidade, Anatoly Fedoruk, destacou que um a cada cinco moradores que não fugiu de Bucha durante a ocupação foi assassinado.
Vingança?
Segundo a imprensa oficial russa, mais de 300 alvos foram atingidos por bombardeios em toda a Ucrânia, incluindo em Kiev, durante a madrugada desta segunda-feira (18). As autoridades de Lviv afirmaram que ao menos sete pessoas morreram como consequência dos ataques.
Entre os alvos na cidade localizada a cerca de 60 quilômetros da fronteira polonesa estão instalações militares e uma oficina de pneus. “Quarenta carros foram destruídos lá [na oficina]. Graças a Deus o número de mortos não foi maior”, relatou o prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, em uma coletiva de imprensa.
Os bombardeios contra Kiev e Lviv seguiram um período de relativa calmaria nas cidades, depois que as forças russas retiraram suas tropas da capital e mudaram grande parte do foco da guerra para o leste do país, especialmente para a região de Donbas, nas últimas semanas.
A mudança no final de semana provocou uma série de especulações sobre a estratégia russa. Para Mark Lowen, repórter da BBC News enviado a Kiev, os ataques dos últimos dias são uma espécie de alerta de que Moscou ainda não concluiu sua missão na capital e em outras regiões para além do leste do país.
Ao mesmo tempo, os bombardeios podem ter sido ordenados como forma de vingança pelo naufrágio do navio Moskva na semana passada.
“Os ataques diários são claramente uma vingança russa pelo naufrágio de seu principal navio no Mar Negro, o Moskva, na semana passada”, diz Lowen em sua análise.
O cruzador de mísseis Moskva era a principal embarcação da frota russa do Mar Negro e afundou após ser profundamente danificado por uma explosão na última quarta-feira (13).