Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de dezembro de 2018
O programa Mais Médicos, criado em 2013 para suprir o déficit de profissionais na saúde pública e mudar a formação da área, ainda não conseguiu cumprir uma de suas propostas: a de atrair o médico recém-formado para a atenção básica. Dados de um levantamento divulgado no início do ano mostram que a medicina de família e comunidade, especialidade que capacita para o trabalho das vagas do Mais Médicos, é a primeira opção de menos de 2% dos recém-formados.
Uma das consequências dessa falta de interesse é que, em 2017, cerca de dois terços das vagas de residência oferecidas na área não foram preenchidas, segundo um cruzamento de dados entre os resultados do estudo e números o¡ciais divulgados pelo Ministério da Educação.
Coordenado por um professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), o estudo “Demografia Médica no Brasil 2018” ouviu 4.601 médicos formados entre 2014 e 2015. Para esta pergunta sobre residência, 3.441 apontaram suas preferências e somente 58 médicos recém-formados (1,68%) disseram que queriam se especializar em medicina de família.
No início do Mais Médicos, a medicina de família representava apenas 6,2% das vagas de residência. Segundo dados obtidos pelo MEC, desde 2013, o número de vagas autorizadas mais que triplicou: foi de 991 vagas anuais em 2013 para 3.587 em 2018.
Após passar pela graduação, que dura seis anos, o médico recém-formado pode optar por seguir para a residência médica, se especializar na área acadêmica, com cursos de mestrado e doutorado voltado a pesquisas, ou atuar imediatamente como médico – nesse último caso, o Brasil segue caminho contrário a muitos países, como o Canadá, que só permitem que um médico trabalhe sem supervisão após a conclusão da residência.
O estudo sobre a demografia médica mostra que fazer a residência é a opção de 2.579 entrevistados (80,2% dos 3.463 que responderam a esta pergunta).
No entanto, entre as 23 residências com acesso direto para os graduados, a formação específica em medicina de família é a 12ª mais apontada como primeira opção pelos 3.441 entrevistados.
No início do Mais Médicos, a medicina de família representava apenas 6,2% das vagas de residência. Segundo dados obtidos pelo MEC, desde 2013, o número de vagas autorizadas mais que triplicaram: foram de 991 vagas anuais em 2013 para 3.587 em 2018.
O número parece expressivo, mas o espaço ocupado pela medicina da família nas vagas de residências médicas autorizadas só chegou a 13,8% em 2018. As estratégias, durante o período, tiveram resultado limitado.
Proporcionalmente, se em 2017 foram abertas 24.807 vagas em residências médicas no País, o número de vagas da residência em medicina de família deveria ter sido de mais de 9,9 mil, para poder cumprir a meta. No entanto, só 3.214 foram autorizadas. O Ministério da Educação explicou que a expansão esbarrou em problemas estruturais e que as metas estão sendo reavaliadas.