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Economia Quebra do banco Lehman Brothers completou 10 anos; relembre a crise econômica de 2008

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Manifestante, em 2008, pede em cartaz: ajude comunidades, não apenas bancos. (Foto: Reprodução)

Em 2008, a família do venezuelano Jesús Rodríguez devia US$ 240 mil dólares em pagamentos de um apartamento nos Estados Unidos. O imóvel, no entanto, valia US$ 49 mil. O descompasso foi vivido por muitos americanos naquele ano, marcado pela eclosão de uma crise financeira mundial a partir da explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos.

Nesse cenário, o estopim para a crise de confiança se alastrar foi a quebra do banco Lehman Brothers, que completou 10 anos no sábado (15). O mercado já vivia dia de temores em relação ao risco de falência das instituições financeiras em meio ao aumento da inadimplência no crédito imobiliário, e o pedido de concordata do Lehman Brothers deu início ao movimento de contágio da crise financeira sobre a economia em todo o mundo.

Como começou a crise de 2008?

Antes da crise, os Estados Unidos viviam um momento de muita facilidade para quem queria comprar imóveis: os juros eram baixos e os bancos não tinham muitas restrições para conceder crédito imobiliário. Esse mercado aquecido fez com que o preço dos imóveis subisse progressivamente, enquanto no mercado financeiro circulavam papéis com lastro nessas hipotecas.

Quando os juros subiram, quem havia conseguido empréstimo a taxas muito baixas começou a ter dificuldades para continuar pagando as parcelas de sua casa ou apartamento. Foi quando a inadimplência no mercado imobiliário subiu, colocando as instituições financeiras em risco. Os bancos se viram sem pagamento de diversas pessoas que haviam tomado empréstimo para comprar casas ou apartamentos. Ao mesmo tempo, os imóveis já valiam muito menos – ou seja, mesmo retomando as casas e apartamentos, os bancos não teriam o suficiente para cobrir o rombo das contas.

Mas a dificuldade dos bancos não foi o único resultado do estouro da bolha imobiliária, que teve ainda como consequência uma crise generalizada de confiança. A quebra do Lehman Brothers, em setembro, intensificou a desconfiança na economia, e a crise que começou apenas no mercado financeiro se alastrou para a chamada “economia real”, atingindo diversos países.

“A crise teve origem em um mercado muito específico americano, mas a partir do momento em que começa a afetar instituições financeiras de grande porte, (…) isso leva a uma crise no sistema financeiro que podia acarretar em uma crise sistêmica dentro da maior economia do mundo”, comenta Orlando Assunção Fernandes, professor do curso de Economia da FAAP.

“Ao afetar a economia americana, e sendo ela a locomotiva do mundo, isso acaba trazendo reflexos para o mundo inteiro – e não só na parte financeira, mas na chamada ‘economia real’.”

O venezuelano Jesús Rodríguez relembra o tempo em que conseguiu crédito para comprar um apartamento nos Estados Unidos, para onde tinha se mudado em 2005 fugindo da crise de seu país. Ele conseguiu aprovação de financiamento no banco mesmo ganhando cerca de R$ 1,2 mil por mês. “Meu vizinho era entregador de pizza e conseguiu o mesmo empréstimo”, contou à agência de notícias France Presse.

Mas, quando a taxa de juros de 4% que Rodríguez pagava em seu financiamento subiu para 14% em apenas um ano, sua dívida chegou a US$ 240 mil por um imóvel cujo valor havia caído para R$ 49 mil. “Lembro que meus filhos eram muito pequenos e começamos a vender tudo. Eles perguntavam ‘papai, para onde vamos?’ E eu disse que iríamos para a Disney World. Me perguntaram se a Disney era tão cara que precisávamos vender a geladeira e as camas”, disse ele à France Presse.

Aos 57 anos, Rodríguez hoje vive com a família em um apartamento alugado em Miami, e trabalha como assessor financeiro em uma seguradora, uma mudança que ele mesmo considera irônica. “Agora ajudo as pessoas para que não sofram o que eu sofri, não afundem tanto na dívida”, explicou. “É como se estivesse pagando de volta”.

Do outro lado do balcão, o economista Mauro Miranda também tem lembranças pouco agradáveis do ano de 2008. Ele trabalhava como trader e estruturador de renda fixa na unidade de Londres do Lehman Brothers, e recorda dos momentos que precederam à quebra do banco.

Demitido dois meses antes do fatídico 15 de setembro, ele conta que metade das pessoas que trabalhava no mesmo andar que ele foi cortada no mesmo dia.“Saí na última leva de demissões do banco que ainda viu alguma indenização. Porque o banco estava demitindo muita gente em 2008 para poder sobreviver”, relata Miranda.

“Naquele momento o Lehman Brothers ainda tentava cortar na carne para sobreviver, mas o problema era muito mais profundo do que isso.”

A crise das hipotecas nos Estados Unidos e suas consequências causaram dias de pânico nos mercados financeiros. No dia da quebra do Lehman Brothers, as bolsas em Wall Street tiveram as piores perdas desde os ataques de 11 de Setembro, em 2001.

Esse recorde negativo também foi batido pela bolsa brasileira, com o Ibovespa recuando 7,59%. Não foi o único dia de forte volatilidade naquele ano, que teve o pregão brasileiro suspenso 7 vezes por causa do nervosismo dos investidores.

De maneira geral, os economistas avaliam que os efeitos diretos da crise de 2008 sobre a economia dos países já se dissipou, embora algumas economias ainda colham frutos do prolongamento das políticas escolhidas como proteção.

 

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