Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2020
 
				Bolsonaro ressaltou que não está envolvido na investigação.
Foto: Reprodução/YouTubeO presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quinta-feira (18) sobre a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente. Queiroz foi preso no início da manhã desta quinta em Atibaia (SP), durante a Operação Anjo, coordenada pelos ministérios públicos de São Paulo e do Rio de Janeiro, e cumprida pela Polícia Civil dos dois estados. A operação está relacionada ao inquérito que apura a chamada “rachadinha”, em que servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) repassariam parte dos seus vencimentos ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
“Deixo bem claro, não sou advogado do Queiroz, e não estou envolvido nesse processo, mas o Queiroz não estava foragido e não havia nenhum mandado de prisão contra ele, e foi feita uma prisão espetaculosa”, disse o presidente, durante sua live semanal transmitida nas redes sociais. “Parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra”, completou.
Bolsonaro ainda afirmou que a presença de Queiroz em uma casa no interior de São Paulo seria por causa de um tratamento médico. “É perto do hospital onde faz tratamento de câncer”, acrescentou o presidente. O imóvel, de acordo com o delegado da Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves, responsável pela prisão, é de propriedade do advogado Frederick Wassef, que presta serviços para o senador Flávio Bolsonaro e também atuou como assistente no processo que investigou a facada sofrida pelo presidente ainda durante a campanha eleitoral de 2018.
O nome de Fabrício Queiroz consta em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que aponta uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor.
O relatório integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro do ano passado.
Pelo Twitter, o senador Flávio Bolsonaro disse que encara a prisão do ex-assessor com tranquilidade e que “a verdade prevalecerá”.
Contra outros suspeitos de participação no esquema (o servidor Matheus Azeredo Coutinho, os ex-funcionários Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins e o advogado Luis Gustavo Botto Maia), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em juízo e a proibição de contato com testemunhas.
Durante a tarde, o advogado de Fabrício Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, classificou a prisão preventiva do seu cliente de medida jurídica exagerada e desnecessária.
“Me parece excessivo uma pessoa que sempre esteva à disposição, que está em tratamento de saúde, que ofereceu esclarecimentos nos autos, que não apresenta risco nenhum de fuga, ela sofra uma medida tão pesada quanto uma prisão preventiva. Mas eu só vou poder fazer um juízo definitivo disso, no momento em que eu tiver a decisão”, afirmou.
Sobre a operação
Fabrício Queiroz foi na manhã desta quinta-feira (18) em Atibaia, São Paulo, em um imóvel do advogado Frederick Wassef, que trabalha para Flávio Bolsonaro.
A Ordem dos Advogados do Brasil, que acompanhou a operação, disse em nota que não foram encontrados documentos que comprovem que o local servia como escritório de advocacia, apesar da placa instalada na fachada do imóvel.
“Os integrantes da Regional de Prerrogativas da OAB Campinas foram acionados ontem [quarta-feira (17)], no final do dia, sem que nenhum dado da diligência tenha sido revelado senão, no exato momento do seu início. Chegando ao local, havia placas indicativas de escritório de Advocacia, contudo nada de relevante em termos de defesa das prerrogativas profissionais foi encontrado. De qualquer forma, os colaboradores da OAB Campinas permaneceram no local até a finalização dos trabalhos profissionais.”
A nota esclarece também que um grupo da ordem foi acionada pelo Gaeco (Ministério Público Estadual) para acompanhar o cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia, sem informar o alvo da ação, como determina a lei federal 8.906/94.