Por Redação O Sul | 2 de julho de 2025
Leo Radvinsky não aparece em eventos, não dá entrevistas e tem apenas uma ou outra foto pública circulando na internet. Mas mesmo longe dos holofotes, ele comanda uma das plataformas mais lucrativas e controversas da era digital: o OnlyFans.
Nascido na antiga União Soviética e criado em Chicago, Radvinsky, hoje com 43 anos, transformou o que antes eram negócios obscuros na internet em um império bilionário centrado na monetização da intimidade online.
Desde cedo, ele percebeu oportunidades no submundo digital. Ainda adolescente, fundou a empresa Cybertania, que operava sites oferecendo supostas senhas “hackeadas” para portais pornográficos. Embora não haja provas de que esses sites mantinham conteúdo ilegal, eles se baseavam na lógica caça-clique para gerar receita. Em 2002, um de seus portais, o Ultra Passwords, faturava até US$ 5 mil por dia. A empresa enfrentou processos de gigantes como Microsoft e Amazon por campanhas de spam, mas Radvinsky sempre evitou condenações formais, encerrando disputas fora dos tribunais.
Formado em economia pela Universidade Northwestern, Radvinsky continuou expandindo seu império com iniciativas como o MyFreeCams, um dos pioneiros no setor de “camming”, combinando conversas ao vivo com conteúdo sexual sob demanda. Em 2018, ele deu seu maior passo ao adquirir o controle total da britânica OnlyFans, então uma pequena rede voltada à venda de conteúdo por assinatura.
Sob sua gestão, o site explodiu durante a pandemia, quando milhões de pessoas buscaram novas formas de renda e conexão. O modelo é simples: criadores – de celebridades a trabalhadores sexuais – cobram assinaturas mensais por acesso a seus conteúdos, ficando com 80% da receita. O OnlyFans cresceu ao se apoiar nas redes sociais: imagens picantes no Instagram e Tiktok e trechos explícitos no X (antigo Twitter) funcionam como iscas para os links pagos. Em 2021, o site acrecentava até 300 mil usuários por dia.
Hoje, o OnlyFans tem mais de 300 milhões de usuários registrados e faturamento bilionário. Radvinsky, seu único dono, recebeu mais de US$ 1,3 bilhão em dividendos nos últimos cinco anos. Ele mora na Flórida com a esposa, a advogada Katie Chudnovsky, em uma mansão que já pertenceu à tenista Chris Evert, e adquiriu recentemente um duplex à beira-mar por mais de US$ 20 milhões.
Apesar de sua fortuna estimada em quase US$ 4 bilhões, Radvinsky permanece avesso à exposição. Sua fundação pessoal divulga doações a instituições como o Memorial Sloan Kettering Cancer Center e apoio a softwares de código aberto. Em uma rara aparição pública, participou em 2024 de um evento beneficente ao lado da esposa, que hoje lidera uma fundação dedicada à pesquisa do câncer.
O passado, no entanto, continua batendo à porta. Investigações jornalísticas revelaram que os sites operados por ele nos anos 1990 usavam táticas duvidosas para atrair usuários, com linguagem que sugeria conteúdos ilegais, como pornografia infantil e sexo com animais – embora as acusações não tenham sido comprovadas. Seu nome também esteve ligado a casos de uso indevido de imagens e denúncias sobre falhas do OnlyFans na verificação da idade de criadores, incluindo um escândalo envolvendo uma menina de 14 anos.
Mesmo com esse histórico, Radvinsky segue rodeado de investidores. Recentemente, sua empresa, a Fenix International, avaliou vender o OnlyFans por até US$ 8 bilhões. O negócio, caso concretizado, colocaria seu criador no panteão dos maiores bilionários do mercado digital.
Enquanto executivos do OnlyFans, como a CEO Keily Blair, tentam distanciar a plataforma da pornografia e expandi-la para áreas como esporte e comédia, Radvinsky continua sem dar cara a tapa, ausente do debate público. Seu legado, porém, já está escrito: ele não só viu valor onde outros polêmica e tabu, como também ergueu, silenciosamente, um dos negócios mais lucrativos da internet.
