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Música Raul Seixas sonhou com o dia em que todas as pessoas do planeta inteiro resolvessem que ninguém ia sair de casa

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Álbum de 1977 teve gênese conturbada, mas trouxe o hit ‘Maluco beleza’. (Foto: Divulgação)

Raul Seixas sonhou com o dia em que todas as pessoas do planeta inteiro resolvessem que ninguém ia sair de casa — o empregado, o patrão, a dona de casa, o padeiro, o guarda, o ladrão, os fiéis, o padre, o aluno e até o professor, esse porque “sabia que não tinha mais nada pra ensinar”. E o sonho, bem parecido com o que aconteceu de verdade em meio à pandemia do novo coronavírus, virou a “O dia em que a Terra parou”, canção-título de seu — agora profético — LP de 1977. Uma obra que nasceu no meio de uma grande confusão na vida de Raul, mas que o recompensaria com um grande sucesso.

Em crise com a mulher (Gloria Vaquer), com seu parceiro (Paulo Coelho) e com sua gravadora (a Philips, onde tinha emplacado hits como “Ouro de tolo” e “Gita”), e ainda pagando alta conta pelo que os exageros químicos exerciam sobre seu magro corpo, o cantor resolveu dar um reboot na vida. Começou pela gravadora: aceitou o convite dos ex-Philips André Midani e Marco Mazzola para juntar-se a eles na WEA, subsidiária da Warner que estavam montando no Brasil. Ao então diretor da Philips, Roberto Menescal, Raul contou a lorota de que ia se mudar para os Estados Unidos com Gloria, mas foi logo desmascarado.

Depois, ele resolveu a questão do parceiro: começou a compor incessantemente com Cláudio Roberto, professor de Educação Física na UERJ, com quem tinha feito “Novo Aeon”, faixa-título de seu LP de 1975. Claudio seria co-autor, com Raul, de todas as canções de “O dia em que a Terra parou” (título que ele pegou de um clássico filme americano de ficção científica de 1951).

“Algumas músicas eu fiz mais do que o Raul, e outras o Raul mais o que eu (…) Uma vez, a gente fugiu e ficou trancado quatro dias num hotel, compondo. Quando voltei para casa, embriagado, minha ex-mulher me recebeu literalmente a balas”, contou Cláudio para o livro “Baú do Raul Revirado”, compilação de escritos e desenhos do baiano.

Diante da expectativa da WEA com o seu primeiro LP de Raul, Mazzola cuidou para que a produção fosse impecável: conseguiu os melhores músicos de estúdio do mercado e arranjos do maestro Miguel Cidras. Quem não ajudava muito era Raul, que bebia demais e, certo dia, resolveu levar para o estúdio um pai de santo, Seu Guimarães. “Eu achei aquilo muito estranho. O cara foi lá benzeu o Raul e aí, pum! Ele cantou a música de primeira. Aí eu falei: ‘Pô, mas que onda é essa? Será que seu Guimarães funciona mesmo?’. Depois disso, o Raul caiu outra vez”, recordou-se Mazzola, em entrevista para o programa de TV “Por toda minha vida”.

A faixa que Raul gravou com auxílio dos orixás foi justamente “Maluco beleza”, que viria estourar nas rádios. Sua música mais tocada até hoje, ela foi definida pelo jornalista Jotabê Medeiros, na biografia “Não diga que a canção está perdida” como “uma espécie de hino simbólico da condição filosófica do artista”. Criada segundo as ideias de loucura controlada (“controlando a minha maluquez / misturada com minha lucidez”) do escritor peruano Carlos Castañeda, “Maluco” ganhou um vídeo no programa “Fantástico”, em que o cantor surpreendeu sem barba, de cabelos curtos, metido num terno.

Aos 32 anos de idade, Raul Seixas via a Terra parar de novo para escutá-lo. Depois disso, só a morte, aos 44, de pancreatite aguda, acordaria o planeta para a grandeza da sua obra.

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fatima
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